D'propósito

18 de outubro de 2011

O medo de te escrever

Eu queria escrever pra você, fico pensando noite e dia qual o melhor dos meus textos poderia te dedicar. Não sendo prosa, seria poesia, faria um versinho qualquer, ou provavelmente narraria uma ficção se não fosse tão real. Mas tenho medo de escrever pra você, até música eu já ensaiei e arrisquei uma letra, mas eu tenho medo de te escrever.

E se eu não te escrevo, acredite, não é por falta de inspiração. Pelo contrário. É inspirador o seu suspiro sobre o meu cheiro e a macieis da minha pele, como não cansa de falar e eu não canso de ouvir. Na sua fala eu suspiro quando me chama de Lolita e Pequena e me cobra pelo mau costume de não beber água.

Eu me inspiro na sua fala, “Pequena, não te vi bebendo água ainda”. E o que quero que saiba é que já matei minha sede e que me esforço pra matar minha preguiça e acordar cedo pra acompanhar o seu ritmo. Você me cobra com carinho, até quando puxa minha orelha pelos erros do meu inglês ruim. Parafraseio Roberto Carlos e canto os erros do meu inglês, e não português ruim. E você canta Roberto pra mim, caso outro cabeludo apareça na minha rua, ou debaixo dos caracóis dos meus cabelos que você declara estar amando loucamente a namoradinha de um amigo seu.

Agora fico pensando que talvez eu tenha sido a namoradinha do seu amigo só para música do Rei fazer sentindo e ser trilha de mais uma história. Mas ainda assim eu tenho medo de escrever pra você, mesmo tocando Beatles e Roberto pelas manhãs, me ensinando sobre vinhos, me levando pra conhecer cervejas Belgas, me enchendo de mimos e alegria com fins de semana de querer todo dia, ainda assim eu tenho medo de escrever pra você.

Eu sempre escrevi para todos os homens que passaram pela minha vida, e se um dia você questionar isso, saiba, escrevia pra eles e escrevia para registrar o que foi e como eu gostaria que fosse, ficcionei tantas histórias, mas eu tenho medo de escrever pra você porque eu quero que continue sendo. Eu não quero a ficção que eu gosto de criar e nem quero você só na minha literatura. Eu não te escrevo para te ter o mais completo e real possível e, assim, persistirei, ao tentar não te escrever para seguir com os detalhes tão pequenos de nós dois, que eu guardo em mim.