D'propósito

29 de dezembro de 2009

Hasta 2010

Meninas e meninos d'propositados, diferente dos anos anteriores que o último post do ano foi uma retrospectiva, esse não tem nada de ficar recordando o passo, não nos detalhes. E não porque não foi bom, muito pelo contrário. Conheci pessoas ótimas, trabalhei em um lugar super legal e terminei a faculdade de jornalismo. Eta ano bom esse 2009, e se o próximo for delicioso quanto o ano que passou meus sorrisos vão continuar largos, muito largos.

E para os leitores de casa, já deu pra perceber que eu ando meio perdida, procurando me encontrar, por isso não fiz uma lista gigante de deveres e metas para 2010. Eu sou uma boa libriana e boemia, que como Zeca Pagodinho, deixo a vida me levar. Mas não durmo no ponto e estou sempre em ponto e pronta pra mais uma história a viver, escutar ou a ser contatada.

A minha única meta para o ano que chega cheio de dúvida é, claro, arrumar uma trabalho bem bacana e escrever mais neste blog, que nesse ano foi sempre a última coisa com que me preocupei. Por uma série de motivos como TCC, trabalho, projetos pessoais, banda e blá, blá.

Mas eu tentarei voltar com toda a força de quem sempre fez D'propósito as crônicas de tudo o que vem depois.

Um ótimo 2010 para vocês e para mim. Diferente da maioria dos anos, não vou passar na praia, mas não deixarei de fazer meus cantos pra Iemanjá


Axé, saravá, sorrisos largos, amém e amem



23 de dezembro de 2009

Mais que Cultura


Se eu acreditasse em papai Noel pediria pra achar uma mala cheia de dinheiro para viajar o mundo todo, sem destino certo e sozinha. Em um país ou outro pagaria a passagem para alguns de meus amigos me acompanharem, mas seguiria sozinha. Naturalmente que esse é o tipo de pedido quase-infantil por quem está em crise.

Bem, não faz muito tempo que saí da adolescência, então acho justo ter certas recaídas com a pouca idade e estar ainda meio perdida, já que mais uma vez encerrei um ciclo da minha vida e não sei o que fazer, a não ser viajar.

Meu dinheiro dá pra no máximo ir até Maringá, em seguida passar em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul e voltar para São Paulo. Claro, gastando apenas com a passagem de ônibus e algumas cervejas. Benditas sejam as casas dos amigos.

Mas como eu não acredito em papai Noel tenho que mandar a fantasia para o pólo norte e trabalhar. É tudo o que mais preciso agora: de um trabalho. Sempre tive sorte no campo, mas sempre que o que está à vista é o olho da rua, bate o desespero. O ano passado, meu santo Noel, ou meu São Jorge e os orixás de companhia deram um brilho no meu caminho e eu entrei na TV Cultura. Os leitores mais próximos, os mais antigos ou os fiéis sabem o quanto amo aquela casa de mãe. Isso porque a firma do Padre é muito diferente de qualquer outra TV, ou empresa que já passei e que ouço as pessoas falarem.

A começar que minha relação com a Cultura vem de antes, muito antes. Com castelo Rá Tim Bum, O Mundo da Lua, Anos Incríveis, Confissões de Adolescente, Tim Tim, Doug e uma infinidade de programas que formaram minha infância e juventude. E Apesar de ter feito jornalismo e as pessoas assimilarem o curso sempre a televisão, eu nunca tive a ambição de querer trabalhar em TV, a não ser que fosse a Cultura. Pra mim o meu negócio era o impresso, mas lá veio o acaso, ou o destino me aprontar uma ótima. Fui parar no Metrópolis, que em minha opinião, o melhor programa da casa e pra se trabalhar, com arte e cultura e uma equipe incrível e xarope.

Em um ano que fiquei lá eu tive três chances de ser contratada, a primeira oportunidade o programa que a princípio eu iria acabou, a segunda eu não passei no teste (ainda bem) e por último, no Metrópolis mesmo, eu não pude porque não era formada. E quando chegou minha vez, bem, não era minha vez. Decisão do chefe, que na hora quando me disse tive vontade de dar um murro nele, porque eu não tinha reação, não consegui falar nada. Eu já vinha de um choro constante de antes com todas as despedidas, que na hora que conversava com o editor-chefe eu não derramavas lágrimas, mas chorava por dentro. Eu nunca fui puxa-saco, mas sempre achei o Hamburgão (o chefe) muito justo e correto, e apesar de passar dias pensando em tudo o que ele disse e eu não falei, acho que ele esteve certo na decisão.

Tudo isso acontecia no meio da festa da firma, com uma bateria de escola de samba arrepiando na batucada. Enfim, eu só cessei meu choro depois que me joguei no samba e sambei até a última parada do rebolo, da caixa, da zabumba e do ganzá.

Todo mundo dizia: para de chorar você vai voltar, todo mundo volta aqui. Não sei. Talvez não, ou talvez eu volte mesmo pra TV, não tão cedo para o Metrópolis, mas eu não chorava só pelo meu último dia enquanto estagiária, sentia por outras histórias que se iniciaram ali há mais de dois anos e que ali também se encerrou e amém.


A TV Cultura é como a casa de nossos pais, é confortável, você tem intimidade, fala o que pensa e por mais difícil que seja, você gosta de viver lá. Mas a realidade do mundo não é como a casa dos pais, as pessoas no mundo exigem mais e não vão ter tanto carinho por você, mas certamente te amadurecerá, como o mimo que a casa de nossos pais não permite.

O fato é que agora eu procuro um lugar pra morar, isto é, um trabalho.




Cantinho do Metrópolis na redação do jornalismo. Aqui na ponta meu menino Rick, já citado outras vezes neste blog. Ao lado dele o Aaukay, de frente para ele o Hamburgão, meu (ex) chefe. E o marquinhos lá no fundo, enfiado ao telefone.


...






Na última semana treinei/ensinei a nova estagiária do Metrópolis, confesso que faltou coisa ainda pra passar, mas a Carol é uma fofa, uma querida que escreveu isso em seu blog.

"
Tô feliz por mim e triste por ela que vai sair. A Camila é tão fofa que eu fico com o coração partido em vê-la triste. Cada vez que ela me ensina alguma coisa, deixa transparecer um carinho todo especial e um toque de saudade já daquela tarefa, ou daquela (s) pessoa (s), ou daquele editor (a), ou daquela ilha, do chefe... enfim, cada coisa que ela me ensina, parece que está se despedindo.
Deve ser dolorido. Deve ser confuso.
Confesso que tenho medo desse dia. Do dia em que eu terei que ir embora da tv cultura, pois lá são mínimas as chances de ser efetivada logo depois da faculdade. E se eu estiver gostando de fato do trabalho como ela? Acabou a faculdade: e agora?
"que vontade de chorar,
dói
mas pra mim tá tranquilo, eu vou zuar
o clima é de partida, vou dar sequência na vida"

Como eu acredito no processo da vida, acredito que uma coisa bem legal está por vir para a Camila e para todas as pessoas que, assim como ela, terminam a faculdade e que merecem sim: uma ótima oportunidade! Então, ótima vibrações a ela! Coisas boas estão por vir, espere! "

17 de dezembro de 2009

Jornalismo e futebol

Se não fosse o jornalismo eu teria sido jogadora de futebol, certamente. Já escrevi antes sobre a minha paixão pela bola, especialmente por jogar, nem tanto por assistir ou acompanhar os campeonatos pela televisão.

Tenho que admitir que muito do meu talento foi descoberto pelo meu irmão, que me ensinou e me treinava para o gramado. Apesar de sempre preferir o futsal. A bola que rola na quadra exige velocidade, pensamento rápido e agilidade, muito mais intenso que o campo. Mas mesmo atuando no gramado e na quadra, na minha época - que começou em 1992 -, não existia a Marta, tampouco qualquer coisa que se aproxime da valorização do futebol feminino, foi então que encerrei minha carreira em 2005, ao terminar o colégio e entrar para a faculdade.

E apesar da quase insanidade para o meu pai, que não via sua filha brincar de boneca ou desfilar em uma falsa passarela, eu sempre fui racional e aos 13 anos decidi que, de fato, não desfilaria com a bola nos pés, mas tropeçaria com as mãos pelo jornalismo.

Aos 17 eu larguei o futebol definitivamente para abraçar o jornalismo. Entrei pra uma faculdade que não tinha nada a ver comigo, digo pela universidade, não pelo curso.Muito se deu pelas pessoas que encontrei lá, ou que não encontrei. Na faculdade eu não fiquei bêbada na festa da turma, porque nunca teve, exceto agora no último ano com a formatura – que eu também não estive presente. Não perdi a virgindade por causa da faculdade e, por fim, terminando as três lições básicas que se aprende em uma universidade ou no bar ao lado dela, eu não fumei maconha. Apesar dos meus óculos, eu não sou nerd e estou longe de ser uma aluna ou pessoa exemplar. Fora a temida e curiosa primeira relação sexual das meninas, tudo que, teoricamente, a faculdade oferece eu fiz antes. Talvez tenha sido precoce, ou os meus amigos de colégio e condomínio que eram à frente de qualquer graduação.

Então, tudo que eu desejei e imaginava de uma faculdade não se concretizou com essa minha graduação. Mas como nem tudo é festa, eu diria que até 2º ano, com as aulas teóricas a faculdade foi muito boa. Depois disso, eu já trabalhava na área há um ano, e o curso de jornalismo - com as aulas práticas - foi perdendo o sentindo pra mim. Parecia não me acrescentar muito, mas eu precisava da graduação pra manter meus estágios. Sim, estágios, no plural. Mudei de estágio como quem troca de sapatos, sujou ou apertou troca. Quis e experimentei algumas das diversas áreas que o jornalismo permite, até cair na equipe e, provavelmente, a TV mais legal, na Cultura.

Mas nem tudo são males, a faculdade não foi de todo ruim, porque convivi com três pessoas ótimas, Bruno, Diane e Victor. Victor foi quem mais me ensinou sobre jornalismo e, apesar de não admitir, o mais jornalista, entre todos que se formam na minha turma.A universidade valeu por esses três nomes e por Luís Mauro, o professor que antes do Victor, me ensinou quase tudo o que sei sobre ser jornalista. Além dos citados, a faculdade é boa para você estagiar. É pra isso que serve uma graduação, independente do curso, te dá à oportunidade de entrar no mercado de trabalho com direito de errar. Mas de preferência não erre, e se fizer jornalismo faça dele uma literatura sob pressão. E depois de quatro anos de pressão, finalmente, posso dizer e assinar como jornalista. Mas agora que já tenho uma profissão será que ainda dá tempo de eu voltar a jogar bola?

5 de dezembro de 2009

Tereza

Tereza não nasceu pra ser Amélia e odiava obrigações. Seu prazer era o bel-prazer, tinha a vida em suas mãos, assim como o pano e a vassoura. E já que tudo dependia de mover seus dedos, abandonou a vida de casa, vestiu o sutiã e foi ser mulher. Mas não qualquer mulher. Não era do tipo que pintava o rosto ou seduzia os homens pelo par de coxas. Ela tinha olhos, que falavam mais do que a boca e dentes que pintavam seu olhar. Era artista, sabia mentir, sabia convencer, sabia ser qualquer papel que coubesse em seu nome, e atuar em toda vida que cruzasse com a sua. Era mulher de 80, oito não lhe cabia bem no corpo mameluco. Gostava de arrasar corações e colecionar paixões, tudo a procura de um amor que não teve como Amélia, mas que como Tereza exigia.

Teve homens de todos os tipos, que a rejeitaram e os que se encantaram por ela. Gostava de todos, deleitava-se no sabor da quase-dor e o prazer de gostar. Depois de muitos, ela desejava o gosto dos amantes e só. Porque só como Tereza ela percebeu que amor é coisa de Amélia e, definitivamente, não era para ela.