D'propósito

14 de dezembro de 2008

Instante

Sentimento, ainda que sem nome, tem que ser mostrado, ilustrado, escrito ao mundo, foi assim que aprendi com os poetas e poetinhas. Mas como em toda ação, teoria é uma coisa e prática é outra. Natural. E apesar de muito teorizar e pouco praticar essa ação, que mais do que revelar o sentimento ao mundo é ter coragem de expor a emoção a quem lhe pertence ou é direcionado, eu me arrisquei e fui à prática.

Bêbada das palavras de um poetinha, beliscando a força de Bethânia e digerindo toda a inspiração de Carpinejar, atravessei a cidade com um único objetivo: viver. Fosse o que fosse. Se fosse pra ser o sorriso, a dor, a ingratidão, a indiferença, o choro, a paixão. Eu fui para o inesperado. Decidi não planejar nada e insistir no sentimento que é meu. Amar, ser apaixonado ou gostar de alguém, sempre deixa o pressuposto de que o outro alguém retribua o sentimento na mesma intensidade. Não. Não tem que ser assim. O sentimento não precisa ser uma troca, as relações sim. Fora isso, o sentimento tem apenas que ser, como quem o carrega. Porque ser é tudo, ou o necessário para que em alguma hora a razão dê sua licença e, então, a emoção faça sua graça. Herman Hesse já eternizou que, “ser é ousar ser”; e viver de emoção não é mais do que senão ousar.

Ousei. Senti. Esperei. Olhei. Toquei. Não falhei. Falei. As palavras vieram naturalmente, como acontece nas conversas entre os melhores amigos. Não usei expressões apaixonantes, meu corpo respondeu apaixonado e sem medo, minha boca sorriu e os olhos transbordaram de emoção, porque minha insistência, que antes, foi tão prejudicial, agora foi o remédio pra curar a insegurança do sentimento de nome paixão.

Mas só fui tomada de paixão, porque na bula do remédio estava escrito, “declare-se apaixonado antecipadamente. Depois encontre um jeito de pagar. Ame por empréstimo. Ame devendo. Ame falindo. Mas não crie arrependimentos por aquilo que não foi feito. Sejamos mais reais em nossas dores. Tudo o que não aconteceu é perfeito. Dê chance para a imperfeição. Insista”. *
Não havia como não ser diferente, dei chance para a imperfeição e fui feliz, pelo menos naquele instante. Minha ação cheia de sentimentos não vai mudar as ações humanas nem transformar a realidade dos dias seguintes no sonho que foi aquela noite de música e certeza, que para viver grandes emoções basta dar chance ao imprevisto.


A vida segue, a história continua sendo escrita e a música toca no show para fazer trilha das lágrimas que escorreram com a emoção do instante, que acima de tudo, é meu.
A música diz mais sobre tudo, sobre nós.



* trecho do livro Canalha!, de Fabrício Carpinejar.


4 comentários:

Anônimo disse...

Cá, amei sua ousadiia viu.
a vida é isso..!
mas então se declarou msm?!
parabéns..
eu já me declarei e dançei!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
mas a vida segue..
espero q vc tenha tido sucesso...
beejos

De Lancret disse...

menina coragem!

gostei da atitude, gostei muito do texto.

se o ato não teve sucesso, pode acreditar que as palavras tiveram.

saudades =***

Unknown disse...

lindo
AÍ SIM!
isso sim é um post!
de quem tem coração.
kkk
adorei

Ócio, viagens e gastronomia disse...

Camila, adoro quase tudo que você escreve! Tô aqui todo dia e até reclamo quando não tem texto novo!
Passei pra deixar um beijo e te desejar um super 2009!
Que venham mais textos...