D'propósito

5 de dezembro de 2009

Tereza

Tereza não nasceu pra ser Amélia e odiava obrigações. Seu prazer era o bel-prazer, tinha a vida em suas mãos, assim como o pano e a vassoura. E já que tudo dependia de mover seus dedos, abandonou a vida de casa, vestiu o sutiã e foi ser mulher. Mas não qualquer mulher. Não era do tipo que pintava o rosto ou seduzia os homens pelo par de coxas. Ela tinha olhos, que falavam mais do que a boca e dentes que pintavam seu olhar. Era artista, sabia mentir, sabia convencer, sabia ser qualquer papel que coubesse em seu nome, e atuar em toda vida que cruzasse com a sua. Era mulher de 80, oito não lhe cabia bem no corpo mameluco. Gostava de arrasar corações e colecionar paixões, tudo a procura de um amor que não teve como Amélia, mas que como Tereza exigia.

Teve homens de todos os tipos, que a rejeitaram e os que se encantaram por ela. Gostava de todos, deleitava-se no sabor da quase-dor e o prazer de gostar. Depois de muitos, ela desejava o gosto dos amantes e só. Porque só como Tereza ela percebeu que amor é coisa de Amélia e, definitivamente, não era para ela.



Um comentário:

Anônimo disse...

Sempre escrevendo muito bem, mocinha! Parabéns pelo blog e por ter terminado a faculdade, muita luz e sucesso na sua trajetória! E o samba, rolou?!? Escreva quando puder. Bj! Sall