D'propósito

30 de março de 2010

Eulírico desenhando uma dúvida



- Eulírico, voltei !
- Puxa vida Camila, achei que tinha esquecido de mim. Já ouviu falar em consideração ?
- Já ! Mas considerando que eu não me esqueci de você não é falta de consideração. É falta de tempo, imaginação, sei lá...
- É bom ser lembrado.
- O engraçado é que, aqui, perto de você, é que eu noto quanta saudade eu estava
- Você precisa estar perto pra perceber que tem saudade ?
- Não necessariamente, longe eu também sinto. Mas é que quando a gente vê a saudade é que a gente sente mais ela.
- Mas eu não sou a saudade.
- Eu sei que não, mas eu estava com saudade de você Eulírico e, logo, a saudade estava com você, entendeu ?
- Não sei...
- Então esqueça a saudade...
- Ah, preciso dizer! Aliás, perguntar.
- Ih, eu sou melhor perguntando do que você, Eulírico.
- Quer perguntar então ?
- Não, não tenho nenhuma dúvida. É você quem quer...
- Então deixa eu fazer minha questão
- Certo, manda o X da questão
- Talvez não o X, mas a dúvida Camila é saber se você desenhou sua vida como ela hoje ?
- Bem...
- Difícil, né ?
- Não. O desenho é mais difícil que a pergunta.
- E o que você desenhou ?
- Na verdade eu rabisquei, o destino deu a forma e o acaso tratou de pintar
- E isso é bom ?
- Não sei, o desenho não acabou.
- E quando é que acaba ?
- Quando eu parar de desenhar com a riqueza dos traços e borrar, sem querer, com a mesma mão que desenho.
- Me mostra depois ?
- Pra você faço até exposição.

16 de março de 2010

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A coragem sempre foi para os excêntricos. No meu tempo de escola achava que coragem quem tinha, eram os fortes. Mas não. Músculos não definem idéias. Os fortes e de boa aparência não são nada além de comuns. Desejam ter um emprego de cargo público, uma família com pelo menos dois filhos e o carro do ano na garagem, e claro, a viagem de férias anual. Isso é a vida dos fortes, que suportam a monotonia da família tradicional e do emprego fixo. Os fortes não são corajosos, são inseguros demais para arriscar e ter coragem.
Coragem é para os homens que não têm medo do acaso, ou do que o destino lhe reserva.

*Trecho da peça que escrevi e a primeira fala da protagonista Cecília. Isso e além em cartaz em maio, no Teatro Brigadeiro.

11 de março de 2010

Super-Beta Campos

Entre todo o meu gosto e curiosidade pela música, principalmente brasileira, foi sempre ouvir e buscar novos compositores. Especificamente, para meu trabalho de pesquisa, novas compositoras. Foi então que em 2008 por acaso, ou por força do destino, ouvi Roberta Campos. Pouquíssimo tempo depois no conhecemos, fomos parceira em músicas, cantamos juntas, ela fez show no aniversário de dois anos deste humilde blog e, sempre muito gentil, também gravou algumas músicas minhas e pra mim.

Agora, quase dois anos depois desse encontro, respirei feliz pela Roberta que conheci e como ela está crescendo sem parar. Isso eu já sabia que cedo ou tarde ia acontecer, logo pela qualidade do trabalho que a mineira realizou quando era a cantora independente que gravou e produziu todo seu disco em casa, como explico neste post. Hoje, Beta tem contrato com a gravadora Deckdisk e já está fazendo seu nome, e mais: já ouvi jornalistas do meio fazendo bons comentários dessa moça de um talento só.
E toda essa recordação e vontade de escrever se deu no vídeo abaixo que é do making of de seu disco.
Entre todas as suas músicas a que tenho um carinho especial é Acabou, porque me lembro como se fosse hoje, quando estávamos em sua casa e Roberta, com violão e voz, claro, me mostrou a música e eu me emocionei.
Escuta e vê a moça aí.

6 de março de 2010

O som em comum

A gargalhada tem ritmo, harmonia, melodia e compasso, quando alguém a solta primeiro e em seguida vem outro amigo e outro e outro, seja fazendo base ou enriquecendo o som com os dentes a mostra, a sonoridade que faz ser tão contagiante quanto o samba e o jazz muda os olhares ranzinzas e as bocas amarradas pelo silêncio que estão em volta. Com o tempo cada grupo de pessoa cria quase que um único estilo de rir, de fazer o barulho da felicidade. Amigos se encontram pelo sorriso. E um sorriso, às vezes, pode ser até mais rápido que o choro. Mas não há pranto que resista um sorriso orquestrado por uma gargalhada ensaiada por amigos.