“Todo jornalista é o artista frustrado”
Nunca me esqueci da frase dita por uma professora no colegial ao saber da minha definitiva escolha pelo ofício.
Não sei bem dizer se é frustração, ou quando se confundiu com pretensão. Isso porque, sempre achei a arte e o palco pretensioso demais pra mim.
Eu sabia qual era o meu limite, pelo menos achava que sabia até semana passada, na minha estréia.
Escrever é (ou era) o suficiente para não me fazer uma pessoa frustrada. Mas aí, na falta do que fazer depois de graduada, fui estudar teatro pra ajudar na desenvoltura e dramaturgia para dar continuidade a qualquer imaginação. O fato é que de cara o curso de teatro possibilitou que eu colocasse a mão na massa, sendo co-autora do espetáculo que apresentamos.
No camarim, enquanto me preparava para não ser eu, me pus a perguntar: o que é que estou fazendo aqui ? Era um tiro no escuro, um encontro às cegas. Maquiar-se de outra pessoa é mexer com o imaginário de quem podemos ser, é a escolha de não ser completamente você, eu, nós.
Quando tocou o terceiro sinal do teatro foi que entendi porque a dúvida e a insegurança: eu não poderia ser previsível diante da arte. Eu tinha que me surpreender e surpreender. Na coxia, prestes a entrar foi que senti que já não era eu. Era Cecília, minha personagem de sabedoria sem tamanho e que dominou meu corpo como uma entidade e o palco com a grandeza de uma louca. Eu chorei com a ovação do público e senti o que é estar num palco. Mas ainda prefiro as letras, porque eu odeio ensaiar.
Eu gosto, mesmo, das estréias.