D'propósito

26 de maio de 2010

Estréia

“Todo jornalista é o artista frustrado”Justificar


Nunca me esqueci da frase dita por uma professora no colegial ao saber da minha definitiva escolha pelo ofício.
Não sei bem dizer se é frustração, ou quando se confundiu com pretensão. Isso porque, sempre achei a arte e o palco pretensioso demais pra mim.
Eu sabia qual era o meu limite, pelo menos achava que sabia até semana passada, na minha estréia.

Escrever é (ou era) o suficiente para não me fazer uma pessoa frustrada. Mas aí, na falta do que fazer depois de graduada, fui estudar teatro pra ajudar na desenvoltura e dramaturgia para dar continuidade a qualquer imaginação. O fato é que de cara o curso de teatro possibilitou que eu colocasse a mão na massa, sendo co-autora do espetáculo que apresentamos.


Foi um prazer absoluto quando terminei de escrever, gozei de uma felicidade sem tamanho. Mas atuar já não me instigava tanto depois do árduo trabalho de dois dias seguidos pensando e sem parar de escrever. Mas era a norma, eu tinha que representar e apesar das adversidades encaradas na aula, fui me arriscar no tablado.

No camarim, enquanto me preparava para não ser eu, me pus a perguntar: o que é que estou fazendo aqui ? Era um tiro no escuro, um encontro às cegas. Maquiar-se de outra pessoa é mexer com o imaginário de quem podemos ser, é a escolha de não ser completamente você, eu, nós.


Quando tocou o terceiro sinal do teatro foi que entendi porque a dúvida e a insegurança: eu não poderia ser previsível diante da arte. Eu tinha que me surpreender e surpreender. Na coxia, prestes a entrar foi que senti que já não era eu. Era Cecília, minha personagem de sabedoria sem tamanho e que dominou meu corpo como uma entidade e o palco com a grandeza de uma louca. Eu chorei com a ovação do público e senti o que é estar num palco. Mas ainda prefiro as letras, porque eu odeio ensaiar.


Eu gosto, mesmo, das estréias.

Um comentário:

Melodias de uma garota nada normal !!! disse...

ee tão bom saber o que agente quer née..e passar por outras esperiencias ajuda aa saber mesmo o que queremos