D'propósito

20 de setembro de 2010

Indefinível

A primeira vez que te vi estava de vestido verde e botas e arrependida de ter ido trabalhar com aquele salto. Nunca faço isso, salto é para ocasiões especiais mas talvez tenha sido, o destino tratou de me colocar a altura dos seus olhos castanhos. Você usava camisa xadrez, ou listrada, não tenho certeza sobre a estampa que vestia com a calça bege. Eu te cumprimentei primeiro com os olhos, depois com as mãos e não tirei os olhos de você. Fazendo o meu trabalho eu não sabia onde sua timidez se encontrava com sua introspecção. Você falava com cuidado e falava bem, mirava para o nada e voltava para mim. Depois do meu trabalho e do seu aquele dia, eu nunca mais te vi e também nunca esqueci teu rosto, a barba, a poesia, a melodia, teu nome.

Mais de um ano depois a campainha toca e dentre tantas pessoas possíveis naquela reunião amigável eu fui abrir a porta e era você, que se mostrou fiel a imagem que guardei de ti. Você me entregou a conta de telefone que estava na entrada e disse meu nome em tom de dúvida. Fui me reapresentar e não deixou eu terminar. Você se lembrava de mim, sabia meu sobrenome e por algum motivo, talvez pela casa dos amigos, não exibiu a timidez, mas a doçura que tem suas letras e você.

Eu não sabia da sua presença naquela noite e mal sabia que tínhamos amigos em comum e, ali mesmo, na entrada e em todo o jantar depois, você preencheu e me transbordou de uma paz e presença que há pouco eu sofria pela falta. Eu senti vontade de te abraçar e ficar por muito tempo. E por todo o momento que esteve ali senti que todos os meus sentimentos até hoje não foram nada, você iniciou o que eu não sei definir. E de alguma maneira eu não consegui ficar longe de você. Conversar, rir e até mesmo dividir o último pedaço da sobremesa foi compartilhar o indefinível.

Um comentário:

LiPpE bOsB disse...

Ual...isso é de vdd? rsrsrs...sei lá, hoje eu já não consigo mais desifrar a realidades de seus textos, por estar meio longe e desatualizado como um dia foi....