D'propósito

8 de junho de 2011

Sala de estar


Eu não iria para o quarto, tem algo na sua casa que me deixa parada em sua sala de estar. Atravessar outro cômodo é ficar íntima de você, e vai ver eu tenha medo da sua intimidade, da sua falta de organização com os livros e com os tênis fora do armário. Passo pelo corredor e não quero olhar para o lado enquanto não chego ao banheiro, porque eu tenho fixação pela sua sala. Volto e fico nela. Fiquei pensando se são seus discos, esses sim, todos organizados e tantos inéditos para mim. Ou seria ainda a guitarra e o violão, no canto esquerdo, sempre afinados e prontos para serem decorativos ao meu ouvido. E o som, o mesmo que tinha minha avó. Não sei qual parte de sua sala me apaixona mais. Talvez fosse sua varanda, que me põe o amor à vista e não me faz acreditar em tardes de outono mais bonitas do que essas. Mas é do seu sofá que aprecio tudo isso. Eu gosto de ficar nele, deitar, desejar, contemplar a paisagem, tomar vinho, cerveja e até fumaria um baseado se eu fumasse. Sua sala é cenário pra qualquer história minha que eu venha escrever. Eu deito no seu sofá e quase o abraço, encosto o nariz e entendo, é o cheiro do seu sofá! É o teu cheiro.

O seu sofá é minha sala de estar em você. É de você que eu não quero sair, é do teu sofá desbotado que eu quero começar.