D'propósito

16 de abril de 2012

Caixa de entrada

Somente um domingo preguiçoso pode nos fazer faxineiros da nossa vida. Quando a TV já não te prende com mais nada, a coragem para sair ficou na cama e seu email grita com 900 correspondências na caixa de entrada. Foi assim neste fim de semana, estava fazendo uma limpeza no meu computador e email e encontrei uma porção de mensagens suas. Para fazer esse tipo de limpeza tem que estar preparado para se desapegar do passado, senão só demora mais no objetivo final: deixar a caixa de entrada livre.

Inevitavelmente li todos os seus emails, sorri para maioria deles com uma saudade saudável e no fim quando não tinha mais correspondências suas eu me perguntei:

Por que foi que nós não demos certo mesmo?

Não faz muito tempo que terminamos para que eu pudesse me esquecer, mas sempre me questiono com essa pergunta ao fim de todos os relacionamentos que tive. A pergunta é análise, reflexão e conclusão para a decisão de acabar com todos os emails e mandar para a lixeira.

Se você tivesse me mandado cartas ou bilhetinhos, eu jamais pensaria em jogá-los fora. Acredite. Estaria guardado na velha caixa verde, junto com os outros bilhetes e cartas, que, por exemplo, meu primeiro namorado me encheu.

Mas o email me põe a pensar e a sentir a necessidade de deixar espaço livre e o caminho também.

Por que foi que não demos certo ?

Pergunta errada! Diz meu Eu lírico.

Nós damos certo, nós damos muito certo. Tínhamos química, tínhamos assunto, interesses, ríamos juntos, trocávamos experiência, mesmo com a exorbitante diferença de 35 anos. Depois que terminamos você disse que aprendeu muito comigo. Nunca assumi isso porque pra mim parecia claro, mas também aprendi muito com você e mesmo com a ausência ainda aprendo.

E se tem interesse em saber, minha grande lição é chegar aos 50 e poucos com a coragem e paixão de agora, dos 23, que você não tem mais. Eu sei, eu sei, vai dizer que a vida vai me desgastar e vou entender que não é simples assim.
Mas eu posso tentar e arriscar a ser uma senhora apaixonada, e que não tem medo do que a vida oferece. Eu vou tentar.


Minha real vontade, agora, era ser uma mosca entre uma conversa sua com seus melhores amigos para entender, mesmo e de verdade, porque não continuamos a dar certo. Queria saber o que pensa de mim, queria saber se ainda pensa em mim.

Sobre o nosso fim eu faço suposições baseado na observação, nas suas atitudes e, claro, na razão humana.

A pergunta certa seria: por que não continuamos a dar certo?!


A resposta mais óbvia para minha pergunta é que você não foi apaixonado por mim, não gostou, talvez tenha sido somente sexo, apesar das afinidades. Outra suposição e justificativa seguida do primeiro motivo é que você é uma pessoa que se acostumou com a liberdade, que gosta de ser sozinho, prefere não se apegar e quando as situações começam a tomar proporções maiores, então, é hora de recuar. Você seria o chamado solteiro convicto, mas acho que seria raso classificá-lo assim.


Um dia você – que ainda não havia visto Shame - me questionou sobre o filme, se eu o achava que era tão vago de sentimentos como o personagem, antes mesmo que eu respondesse você completou. "Não, né, eu tive filhos, fui casado".

É claro que eu responderia não, não apenas pelo fato de ter filhos e de já ter sido casado. Mas, apesar de evitar o envolvimento, você se envolve, é inevitável e também não é um viciado em sexo. Porém você se acovarda diante de determinados sentimentos e prefere seguir em frente e sozinho, tentando não magoar você, eu, ou qualquer outra mulher com quem já se envolveu que eu soube por raso.


Quando as pessoas me perguntam por que acabou, sou direta. Tudo que um dia começa, um dia termina. ponto.

Ninguém acredita que um homem na sua idade seria louco de dispensar uma Lolita, como eu, que não é o símbolo de beleza, mas tem lá seu charme e seus atributos.

Já me disseram, aliás, que um homem como você abrir mão de mim é uma demonstração de amor, por me deixar viver o que está no meu tempo.

Como pode ver há inúmeras hipóteses sobre o porquê não continuamos a dar certo. Talvez eu nunca saiba o real motivo, vindo de você. Mas achei importante limpar a caixa de email.

Um comentário:

Alline disse...

bilhetinhos de amor mandados a cada mês de aniversário de namoro, deixados nos livros, nas caixas de bijouteria, cartas e mais cartas, emails, fotos, e tudo mais...um dia a gente aprende que é na memória que estão nossas maiores lembranças e se desfaz de tudo, porque no fundo a gente sempre sabe o motivo de não ter continuado a dar certo.