D'propósito

14 de fevereiro de 2009

Vestida de vermelho



Dia desses, uma mulher de olhar sereno, como quem conhece a vida, seus caminhos e desvios, olhou nos meus olhos, pegou na minha mão e disse, “o homem que você busca não existe, é um ideal, é o príncipe que te encanta.”
Imediatamente eu sorri, com sorriso e olhar de gratidão e, naturalmente, não concordei. Achei as palavras bonitas, mas mais do que um príncipe encantado, eu procuro um homem que me encante, um lugar que me cative, uma música que me seduza, uma paixão que me eleve. Eu não busco um homem, procuro pessoas dentro de um homem. E se não acho o homem, encontro pessoas. Procuro motivos pra sentir e razão pra viver da intensidade que a paixão já me permitiu degustar e viciar. E pra viver apaixonada eu não preciso de um homem, preciso de vários. E isso não é orgia.

Assim como Vinicius de Moraes, ‘meu tempo é quando’ e ando onde há espaço, me sento no espaço vazio da mesa. Não disputo lugares ocupados, nem tratamento vip. Eu só preciso de um espaço com vista, e um homem que me vista, para a vida.

Não preciso de um modelo ideal de homem, eu preciso de um homem com ideal. Eu não descanso meu corpo em qualquer corpo. Quero um homem inteiro e pela metade. Metade que me faça todo dia o mistério que eu tenha de desvendar na inteligência, olhar e sorriso enigmático do meu homem. E se esse príncipe que eu encanto não existe, eu mudo o conto de fadas. Deixo o cavalo branco por um boi bravo, que corre pra cima da cor encarnada, avança e rasga com a força do desejo da mulher vestida de vermelho.

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