D'propósito

29 de janeiro de 2009

Definitivo

Pensei em escrever uma enorme crônica sobre o que o tempo não apaga. Pensei também em escrever sobre o medo que tenho do efêmero, de detalhes, pessoas, retalhos, retratos, casos, caminhos, sentimentos que não duram para sempre. Pensei melhor, e reparei que pra se tornar eterno, de alguma forma, eu sempre fiz de vida, palavras. Música ou melodia E de tanto pensar notei ainda, que sempre tive medo do definitivo, do que não é transitório, do que não é mutável, da marca que eu deixo nos outros e não vejo. Da marca que deixo e que não fica em mim. Da marca que fica em mim e ninguém vê. E de marcas, sentidos, palavras, destino, tempo e acaso que me faz todo dia a resposta de ontem e o por quê do amanhã.

Pensei durante meses, dias e anos até me marcar pela primeira vez e fazer história no meu corpo. Tatuei. Agora, carrego a palavra “Acaso” no pulso e uma clave de sol na cintura.
Naturalmente, todo mundo que vê escrito acaso sobre as minhas veias pergunta o significado. Simples: lê-se acaso, entende-se destino e vida.
Há os que duvidam sobre o motivo do acaso estar para sempre estampado na minha epiderme. Mas para os que duvidam digo que, “alguns sabem a razão, outros não, o resto é silêncio” e definitivo.

23 de janeiro de 2009

21 de janeiro de 2009

Mobília


Um coração inquieto está sempre arrumando a ordem dos amores, o lugar das dores, os espaços em branco e os apetrechos que merecem ser trocados. Às vezes a inquietude do coração muda só pra satisfazer o ego que é alvo do amor; e que nasce, naturalmente, para ser divido em dois, três, cinco. É amor, e não pode existir avareza entre um sentimento que sustenta a alma e debita a saudade de quem não tem, não pode ter ou é poupado de sentir.
O coração é divido como cômodos de uma casa em mudança, em reforma. Espaços maiores e menores, decoração em aberto, móveis chegando e saindo, poeira, bagunça, barulho, gente, vazio.
O coração, como a casa, tem espaços para serem preenchidos, de preferência, com amor, em proporções maiores ou menores. Com velhas ou novas mobílias.

17 de janeiro de 2009

Pratododia

Quando escrevi sobre os homens serem cafajestes e canalhas devi uma explicação sobre as lanchinhos. Mas antes do lanche, devo dizer que acho mesmo que por influência da lua passando por saturno na minha casa e rua 386, rotulei os homens em duas classes. Rotular, admito, é complicado. Arriscado. Em duas classes então, é absurdo. Um número e qualidade muito pequeno; alguns homens podem ser muito mais do que isso (e isso não é uma ironia – estou acreditando em vocês rapazes). Mas a questão agora não são os cafajestes e os canalhas, são as etiquetas que nós mulheres levamos, e por conseqüência de Vênus na casa Y, acabamos aceitando os rótulos e rotulando as outras.

Eu, por exemplo, tenho asco a mulheres com tipo de comportamento de piriguetes, acho pouco clássico, mas, no entanto, bastante corajoso. Falo do que seriam as piriguetes que em público reverberam sexo explicito, dão o que não são, mostram demais, sem tempo para o mas, e são mais, cada vez mais. Pra mim, o resultado de mulheres com esse visgo para sexualidade e exposição do corpo – que às vezes envolve mais mostrar do que fazer - é uma questão e razão cultural. Um papo além.

A mulher fazer sexo sem compromisso, simplesmente para o bel prazer é válido. Absolutamente válido. Não é um direito só dos homens ter relação com quem ou quantas quiserem. A mulher com postura faz isso bem. E justamente aí que está a linha tênue entre as piriguetes e as lanchinhos, que citei anteriormente.

Por exemplo, a mulher-lanchinho não vai ser nunca uma piriguete, mas uma piriguete é uma lanchinho, fato. A mulher-lanchinho costuma ser interessante, inteligente, tem um papo bom, personalidade e até independente. Mas por um motivo qualquer da natureza a lanchinho não namora ou não quis/quer namorar. Então, por uma questão de necessidade sexual e também para não precisar sair dando para qualquer um, a lanchinho é a mulher que sai vez ou outra com um determinado parceiro para saciar a vontade e, naturalmente, se divertir. A mulher-lanchinho dificilmente vai transar com quem ela não tem o mínimo de envolvimento, o que por fim, o rapaz que contribui com a lanchinho pode ser apelidado de P.A (pênis amigo) ou freela-fixo, que aliás é muito falado no meio do jornalismo.

Diferente de toda a convicção das lanchinhos estão as piriguetes. O que no fundo difere uma da outra é o comportamento da mulher diante do sexo e do parceiro.
Naturalmente todo mundo já foi lanchinho um dia, e quem não foi, será. Isso são como pêlos na puberdade, nasce pra todo mundo, todos têm. Mas alguns ainda disfarçam o título ou posição enquanto lanche.

Poucas são as mulheres que admitem ser lanche, ter lanche, fazer lanchinhos. Isso exige mais do que coragem, é não ter medo de rótulos, como todos que, querendo ou não, etiquetei e defini aqui. Minha tia Luiza, 48 anos e separada bate no peito e diz, “sou lanchinho, sim. E sou feliz assim.”
Eu de 20 anos admito: o lanche já chegou pra mim como os pêlos da puberdade, mas o lanchinho como toda refeição também enche, satura. Eu não digo que dessa água não beberei, nem desse prato não provarei – de novo. Mas dessa refeição já estou satisfeita.

Sexo está além da penetração, e, pra mim, sexo é o prazer de antes, durante e depois de toda uma relação. Sexo é um no outro e ouro num, num só. Sexo é algo muito grande pra ser banal.

14 de janeiro de 2009

Gota D’água

Pinga, pinga e a gente nem percebe. Até que o chão fica molhado e liso e o tombo é ostentoso. Na mesma qualidade que a gota sai da bica e no seu movimento lento decorre sobre o nada, até chegar ao chão. Chão. Esse é o limite de onde tudo pode cair, se tarda ou acelera no ruir, não é porque nosso movimento é lento, o pensamento que o é.
Às vezes creio na incrível possibilidade de vivermos só para ver o formato da gota se esborrachar ao chão. O trajeto da gota é claro, cair. E realiza até a última gota existir.
Provavelmente o mesmo aconteça conosco em pingos, gotas e ações maiores. Fazemos o mesmo trajeto da gota da bica, quase na mesma precisão que faz a gota cair, molhar o chão e secar com o tempo. Só com o tempo.
Somos feito de água, tempo e ações.

9 de janeiro de 2009

A segunda vez

Ainda sem jeito, ela não se sentia bem com seu corpo. Mas aí, notou que ele estava bem acima do peso. E então, percebeu que o amor é feito mesmo de imperfeições.

5 de janeiro de 2009

um alô !

Parece que o ano, de fato, começou hoje. Mas pra mim não. Ainda não. Deitada na rede, vendo as ondas se baterem e encontrarem com a chuva que cai no litoral sul de São Paulo, eu curto meu último dia de férias. A TV me ligou e amanhã volto pra SP, para a labuta e, naturalmente, para o D’propósito. Esse é só o primeiro alô (da lan-house) pra dizer que 2009 começou com o pé direito, sorriso no rosto, música na alma, dinheiro no bolso e Cultura na cabeça!

Axé, saravá e sorrisos largos.