Estela sabia que os passos estavam errados e o caminho era incerto. Mas na estrada pouco pavimentada que já caminhara ela conhecia as pedras e os buracos. Já havia estourado os pneus e se machucado tentando trocá-los. Desistiu da maior invenção do homem. Deixou as rodas largadas no meio da estrada e o carro parado com os vidros abertos e as portas destravadas.
Continuou, caminhou, pediu carona, se perdeu e acabou no mesmo lugar. Ao invés de seguir em frente Estela andou em círculo, feito a roda que largara no meio do caminho. Mas agora os pneus não estavam mais jogados na estrada, estavam devidamente colocados no automóvel que a esperava para guiá-lo. Tudo estava lá, do mesmo jeito; o toca fitas, o mapa, o macaco, o violão e sua cruel desilusão.
A nostalgia foi aparente, sentou-se no banco do motorista, encostou a cabeça no volante e pensou durante horas na música que o rádio reservava entre Noel, Cartola e Geraldo Pereira. Quando o silêncio dominou, ela levantou a cabeça e ligou o motor, que roncava alto feito a cuíca no samba. A gasolina estava pelo fim e os pára-brisas quebrados. Por um minuto pensou em desistir e voltar atrás, pegar o caminho de retorno. Mas Estela não quis ser fraca e voltar sem boas histórias para contar. Decidiu prosseguir, mesmo sabendo que podia se machucar e sofrer de novo as mesmas moléstias do difícil caminho.
Ela sentia o frio do arrependimento chegando a qualquer momento, como o vento que desgrenhava seus cabelos, no entanto, Estela achava que seguir em frente era a melhor escolha. Porque a estrada era a escola que ela precisava aprender a ser. Ser livre e só de viver, ainda que com o risco do pesar de tudo o que viria depois. Porque fora isso, ou além disso, haveria no mínimo histórias a serem contadas. E Era isso que Estela buscava: histórias e nada mais.
17 de agosto de 2009
Auto-estrada
Escrito por
Camila Dayan
às
01:34
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8 comentários:
Gostei do seu conto! Muito legal... Boa semana!!
Eu faria o mesmo que Estela.
A outra opção seria se desesperar e chorar. Mas, para quê? O que isso adiantaria?
Melhor relaxar, ligar um rádio (e que seleção!) e aproveitar a situação de absoluta paz.
como diz o poeta Claufe Rodrigues 'a vida não vale nada se você não tem uma boa história para contar'....
beijos, flor
MM.
>>> adooooro o nome Estela
Amei Camila, parabéns.
quando crescer quero escrever como você!!!!!!!!!!!
beijocas e boa semana.
Ah! eu amo fusquinha.
Amei essa foto!
E vc até que escreve bem.
Há tempos venho aqui e nunca deixei um comentário. Achei que tava na hora! Seus textos são ótimos! =)
boa semana e bons preparativos para tu, querida
beijocas
MM.
nossa serio mesmo muito bom essa história vc e tem muito talento bjim e boa sorte
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