D'propósito

5 de outubro de 2007

Arte futebolisticamente...

Tão belo e técnico quanto a arte impressionista dos quadros de Monet, Renoir ou Degas; ou ainda, procurando as formas dos pintores cubistas como Picasso, Cézanne; a arte futebolística não fica para trás, não é impedida. O contrário, como uma manifestação de cores, sabores, dores e louvores, ela ecoa como música saída das cordas vocais de fãs incessantes que movimentam os instrumentos, que aceleram o coração de quem está produzindo este artifício e, de quem é espectador pouco entendido das artes impressionistas e cubistas dos quadros de futebol.

Como todos os garotos, eu também sonhei em ser jogadora de futebol. E, se me falta à modéstia, mas digo a verdade pensada por mim e saída da boca de profissionais, o que não me faltara era talento e ainda diziam: “ê garota de futuro”. Futuro mesmo, porque as bolas lançadas a mim não ficavam pro passado, ou por quem passara despercebido pela direita, ou pela esquerda arriscando arrancar-me o domínio da bola.

E como todo garoto que sonha em ser jogador de futebol, comecei cedo, aos quatro anos de idade eu já ocupava os gramados e as quadras cheias de meninos e pais preconceituosos. Inclusive o meu, que de todos os pais, obviamente era ou tinha que ser o menos preconceituoso - isso porque sou sua filha e não poderia ser diferente.

Mas correndo adiante e levando a bola com a bola toda, sofri todos os preconceitos que o futebol feminino injustamente tolera nas críticas vinda da sociedade machista, que pronunciam sobre o futebol ser “coisa de homem”. Homem que nada. A mulher é tão capaz quanto o homem, de matar a bola no peito, dominar, fazer gol e correr para o abraço.

O que o homem machista e qualquer ser-humano contra essa arte também feminista, não enxerga que apenas as mulheres quando dominam a bola e correm com ela nos pés, conseguem ter o gingado, o balanço no quadril e uma habilidade que há décadas atrás, diriam sermos capazes com esses dons, apenas nas passarelas da moda ou do samba - Ritmo originalmente brasileiro e hino do futebol - indiferente qual seja o samba. Se é o da Mangueira, carioca com compasso rápido, ou o samba paulista e sincopado. O futebol é como o samba, ritmado em qualquer voz, em qualquer pé, seja feminino ou masculino.

E se antes a mulher no futebol era desvalorizada, agora atropelando pré e preconceitos, ela mostra a sua garra e ganha força com um drible da vaca, um movimento exato dos quadris e o domínio do convencionalismo. Dessa vez não é preciso queimar os sutiãs, apenas necessário mostrar o talento, como o de Marta - jogadora da Seleção.

Acho que não me aproximaria ao talento da melhor jogadora do mundo, mas sempre, sempre quis fazer do futebol minha profissão, não fiz. Mas agora, faço das letras memórias, aos lances feitos com minhas parceiras de ataque e tabela, JJ - Jéssica e Janaína.
Se hoje não corro com as bolas nos pés, acelero com os pés os passos da vitória feminina dentro do campo de futebol e todos que me fazem gritar por GOL!


Das palavras à imagem...

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