No caminhar da manhã, pisando sobre as folhas primaveris, aquecida pelos panos que me cobrem e pela presença sutil do sol; canto uma bossa, invento uma nova, improviso no samba e até relembro o rock melódico saído das caixas de som do meu irmão. Enquanto as notas vibram no meu vocal e estendem-se pelo resto do corpo, caminho adiante e não diferente, penso para frente.E, a frente um homem com os passos fadigados pela idade, ligeiramente calvo, carregando óculos na face e um violão em mãos.
Gostosa com a cena parei para observar o homem que distraído e imperceptível a minha presença, soltou arranjos e notas que cabiam em todas as minhas canções, em todas as minhas ilusões e facções. Ficaria a observá-lo de longe durante horas, se não fosse o tempo batendo no meu relógio. Escutando-o com o corpo, saí cantando e eis que o Homem me pergunta:
- Por que cantas?
Sem olhar de susto ou surpresa eu respondo:
- Cantando eu mando a tristeza embora.
- A tristeza é senhora?
Com sorriso terno eu respondo:
- Desde que o samba é samba.
- Mas alguma coisa acontece, no quando...
- Agora em mim!
- Conhece João?
- E Gilberto também.
- Mas é Caetano.
- Mas, vejo em João.
Sinalizando com a cabeça um agradecimento indefinido, embarquei-me na hora que batia no meu relógio e, me despertava para o que não era novo e provavelmente seria a bossa.
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