D'propósito

6 de agosto de 2009

Que seja eterno enquanto dure

A pedidos de agora e de antes eu decidi escrever sobre o velho e moderno matrimonio. É, o casamento e de preferência com festa. Seja na igreja, ou na capela, de dia ou de noite, no campo ou no jóquei club a finalidade é uma só: satisfazer a vontade da mulher de se vestir e ter o dia de noiva, mostrar o contrato assinado e a nova posse adquirida para a sociedade e, naturalmente, com tudo isso, gastar dinheiro. O casamento, como tantas outras festas, é feito para os outros.

Diz-me, de coração, você caro leitor casado que fez festa de casamento, o quanto se divertiu e aproveitou ? Isso proporcional ao valor gasto. Está certo, isso parece meio mesquinho. Talvez seja. Ou coisa de mulher desiludida, o que não é, não. Mas explico.

Casamento, é uma ocasião feliz, por menos ou mais amor que possa haver entre os noivos a intenção é boa. Reúne a família e você conhece primos que não sabia que tinha, revê amigos e as desesperadas fazem piadas de sua própria solteirice e morrem de inveja de ainda não ter um cara possível para arrastar para o altar.

Em minhas poucas duas décadas de vida até hoje só vi mulher desesperada pra casar. Nunca vi um homem realmente animado com o matrimonio. Tem noivo que até acha legal, mas no fundo, já que é pra viver junto, preferia começar a morar junto e pronto. Sem precisar de arroz de festa e buffet para 500 convidados. Mas a vontade é da noiva, e no final, com charme, autoridade ou renda fixa mais alta, a mulher é que manda, isso quando o cara não foge da luta do matrimonio ao ter o seu amor pedindo/ exigindo o casamento.

Quando era uma aprendiz de mulherzinha, menor do que sou hoje, isso lá pelos 16 anos, uma professora me dizia.

- Meu casamento, como todos os outros, é um contrato.

Aquilo me intrigou de uma maneira que respondi com toda a sinceridade,

- Já que é só um contrato, por que não separa ?
- No dia que eu me casei eu assinei um contrato, com clausulas, como qualquer outro contrato. No entanto, isso não significa que eu seja infeliz.

Eu achava aquilo muito contraditório, era a frieza de um acordo X a paixão e o amor, ou como for o sentimento que faz duas pessoas se unirem no ‘para sempre’.
Mas depois, ponderando, raciocinado e comparando as relações humanas, pensei: o que não é o amor e a paixão, ou qualquer sentimento que valha, senão um acordo. Sempre em toda relação existe um acordo, nada que precise de um papel e uma caneta para comprovar. Bastam olhos, bocas, palavras e confiança pra criar as cláusulas de um contrato que é feito naturalmente.

Padre, igreja, juramento e festa é o costume que a sociedade religiosa impôs e perpetuou nas gerações, principalmente no gênero feminino. Mas isso tudo, hoje em dia, com os casamentos modernos, o matrimonio de padre-igreja-juramamento-festa está mais pra fetiche de posse, do que pra tradição eternizada.

Mas isso não é uma total crítica aos casamentos e casados, porque eu como uma boa mulherzinha admito que desejo casar com direito a tudo e mais um pouco. Muito pela festa, é claro. Mas na vontade do matrimonio não sei se quero ter só um marido, por um motivo simples: acho que o pra sempre é tempo demais. Prefiro acreditar no Vinicius de Moraes, em Soneto de Separação ao eternizar escrevendo “posto que é chama, que seja eterno enquanto dure”.

E que assim seja, eterno, enquanto dure.


Eis aqui um vídeo que já rodou a internet de um casamento bem diferente e dançante, eu diria.

Um comentário:

Rics disse...

“posto que é chama, que seja eterno enquanto dure”.

Até porque o "pra sempre, sempre acaba".

Mais do que alguém que vc deseje sexualmente, obsessivamente, amorosamente e romanticamente, nós precisamos é de alguém que nos complete com confiança e companherismo, um parceiro para toda vida ou enquanto durar a chama.

Casar é fácil, separar, mais ainda.

;)