D'propósito

19 de maio de 2011

Covardia

Eu odeio a maneira como você chega a mim, mas gosto quando fica. O problema não é nem quando vai embora, você me acostumou a seguir em frente. O difícil é mesmo quando você chega. Te evito pra não correr mais o risco de cair, recair e decair. Pra não correr mais o risco de ser só você e cada vez menos eu, e cada vez menos, e cada vez menos. Um eco sem fim, um vicio sem limite, um sentimento perturbador.

O meu jogo, ou o nosso jogo se tornou a disputa de quem se importa menos e quem deseja mais. Eu não gosto mais do seu corpo, eu não gosto mais do que você é, sou apegada pelo que conheci pelo estranho que você foi um dia. Não chegue, não apareça, não me mata de vontade nem de ciúme. Não me faça brigar nem mentir pra você.

Eu não esqueço o que fomos pra lembrar como tudo em mim foi melhor com você. Exceto pela coragem que me roubou no medo de te perder por definitivo. Eu diria pra sempre, de te perder pra sempre, se ‘pra sempre’ não fosse tempo demais e, ainda assim, insuficiente pra me fazer assumir que eu não consigo te enfrentar e não consigo enfrentar as pessoas por você. Não mais. Eu até te quero, te quis, mas tenho vergonha. Sua, de nós, do que se tornou, do que seria. Ganhamos a intimidade, perdemos o respeito e acabamos com tudo.
Foi a minha covardia e a sua coragem exacerbada.

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