D'propósito

28 de março de 2008

Unhas e destino feitos

Segundo as minhas pesquisas em 3500 Antes de Cristo, as moças egípcias já tingiam as unhas. A vaidade que atravessou a história, criou esmaltes além das cores do arco-íris e fundou uma profissão – a manicure, nunca esteve tão presente em minha vida. Eu nunca tinha estimado o valor dessas moças, que fazem as unhas femininas e masculinas, até encontrar a Cris. Mulher danada de engraçada, com um talento absurdo para as artes plásticas e visionárias.

A moda de fazer as unhas e tê-las todas bonitinhas, começou para mim a partir da 7ª série. Na 8ª, me descobri com alergia dos esmaltes que deixavam minhas mãos delicadas. Depois disso, só fiz as unhas em ocasiões especiais. Assim aconteceu a pouco mais de um mês, quando fiquei toda bonita para ir ver os Cantos Negreiros, que por acaso ou não, caí nas mãos da Cris.

A Cristina é diferente, ela não cumpre somente a sua função de tirar/empurrar as cutículas, passar o esmalte, limpar, fazer desenhos artísticos nas unhas e ser simpática – pra cativar o cliente. Essas são as funções e os elementos básicos que qualquer manicure faz. Mas a Cris vai além, e é exatamente do além que ela vê sua vida e busca todas as respostas. Como meu amigo Julio diz, ela é Manicure/cartomante. Tipo serviço dois em um, saca?

E eu posso afirmar, o trabalho é bom. À princípio parece mentira, pelo menos foi assim que todos reagiram quando contei, mas na primeira vez que entrei no salão – por acaso, porque minha tia que fazia minhas unhas, não pôde naquele dia - a Cris já me recebeu com sorriso e seu jeito irreverente. Pensei: legal, é minha primeira vez aqui, então ela vai mesmo ser legal comigo. Antes mesmo dela abordar minhas mãos para deixá-las bonitas, ela já fez comentários, eu diria, suspeitos. O primeiro foi o seguinte:

- Você tem alergia à esmaltes, não tem?

Bem ela é manicure, deve identificar isso a quilômetros. Mas segui...

- Tenho! Você entende de linguagem corporal?
- Também!
- Uau, adoro essas coisas.

Depois prosseguimos, com as típicas conversas de mulher – ainda mais estando em um salão (!). Quando de repente ela vira e diz:

- Você estuda para ser jornalista e trabalha numa empresa chamada Man.. Manda..
- Epa! Pára tudo.

Eu, surpresa e com os olhos arregalados respondi.

- Tô bege! Como você sabe?

Ela riu, e a Paula que é a cabeleireira perguntou à mim se acreditava em espiritismo, e logo em seguida me revela que a Cris é vidente. Fiquei bege de novo.O mais incrível ou o melhor, é que ela não começou falando sobre o meu futuro, mas sim do meu presente, o que vivia no momento e as coisas que gostava. Talvez uma forma de mostrar ou comprovar que aquilo não era marmelada, nem brincadeira só para me iludir.

Dali em diante, fiz ela falar tudinho que via e imaginava sobre o meu futuro. Me viciei nisso, funciona quase como um terapia, só que mais barato. E o melhor, você ainda sai com as unhas feitas, é sensacional.
Toda semana eu bato e passo o cartão por lá e se tudo seguir como a Cris tem falado, além das unhas feitas também terei um futuro feito. Feito de coisas boas, como tem sido o presente.

Ps.: de todo o meu futuro revelado, aqui só conto uma coisa: terei três maridos. E dessa vez, quem ficou bege foi minha mãe e não exitou em expressar, “avê maria, que horror!”. Rárá e eu acho graça, vida cheia de romances.

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