Estela vivia para contar histórias. Viveu contos, amores e mentiras. Depois disso, jurou nunca mais se apaixonar, mas não cumpriu. Ela sempre foi uma garota de palavra, mas seu coração era poliglota e ela não. Só falava o português e um pouco do tupi que Policarpo Quaresma tanto defendeu e ela acreditava também.
E sabendo apenas duas línguas não entendia seu coração e não cumpriu sua palavra quanto à paixão. Ela se apaixonou de novo, não loucamente, mas insana o suficiente a ponto de largar todas as suas histórias para viver uma história: se dedicar as fábulas de Mauro.
E sabendo apenas duas línguas não entendia seu coração e não cumpriu sua palavra quanto à paixão. Ela se apaixonou de novo, não loucamente, mas insana o suficiente a ponto de largar todas as suas histórias para viver uma história: se dedicar as fábulas de Mauro.
Ela pensou em estar louca, mas lembrou que sua vida não passara de momentos insanos e felizes, até fugazes. Decidiu. Pagou as dividas, devolveu os livros emprestados, largou o curso de artes, o emprego, a família, os amigos e foi para o Rio de Janeiro viver com Mauro. Na mala só as roupas, uns poucos trocados e o papagaio Plaft que trazia em mãos dentro da gaiola.
Ela resolveu tudo em dois dias. Não se sabe porquê, mas a vida de Estela sempre foi decidida pelo número dois, por dias pares e dias de sol. Ao menos era assim sua vida com Mauro. E definiu tudo em 48 horas, não precisou de mais. Não queria festa, nem despedida, porque ainda que com amor e a convite de Mauro, ela sabia que um dia voltaria para contar as histórias ou qualquer vestígios delas, pois Estela nunca se recusara a viver. Nunca.
6 comentários:
Coração poliglota... Ainda bem que existem. Legal o blog. Voltarei.
parece vc nunca recusa a viver...nunca!
bjo
parece vc...nunca se recusa a viver...nunca!
ah droga não apagou o de cima
Por que nao:)
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