D'propósito

31 de maio de 2008

É a vida

A flor sempre achou que era feliz. Sempre acordava de manhã e agradecia por ser uma flor e por ser feliz. As abelhas sempre viam na flor a felicidade que ninguém tinha, nem elas, que tinham a liberdade de voar.
Um dia, porém, veio a maior chuva de todos os tempos e despedaçou a pequena flor.
Sol e felicidade, agora, só na próxima primavera.


Palavras escritas com carinho por Julio, no meu bloco de anotações.

Pensando bem, já estamos no inverno, a primavera é logo ali. E a felicidade também.

27 de maio de 2008

Falsa Baiana à sua terra natal


Depois de quase um ano no mercado duro da labuta de estagiário, ganhei meu primeiro bilhete para viajar a trabalho, claro. O destino foi à terra de Caymmi e apesar de ter a alma baiana, meus pés nunca haviam pisado em Salvador; da Bahia conhecia só Porto Seguro, por causa dessas viagens de fim de colégio. Animada para conhecer a cidade, eu esperava descer do avião e já ouvir o batuque lá de longe do Olodum (claro que isso não é verdade, explico porque tem gente me levando muito a sério aqui, enfim) e me bronzear num sol que me deixaria preta, preta, pretinha - como meu pai tantas vezes já me chamou e cantou para mim.

Pois assim deixei São Paulo, domingo passado, dia 19 de maio, com um sol como há dias não fazia por aqui e agora faz. Embarquei pela Gol, minha primeira vez com a companhia, confesso que prefiro a Tam ou a Varig, o lanche deles são muito melhores. Na Gol, você tem duas ou três opções, entre a barrinha de cereal de banana, maça e o amendoim.

Mas sem problemas, o que é uma barrinha de cereal perto da comida baiana que me esperava e o sol que me aguardava. Isso até o comandante dizer que fazia 24º e chovia fraco na terra de todos os santos. Certo, mas eu ficaria até quarta-feira e tudo estaria azul, feito o mar que era o cenário no meu café da manhã.

Isso não é pra fazer inveja, mas a sensação de comer uma tapioca e frutas frescas com visão para o mar, faz a digestão ser outra. Tudo bem, isso soou como inveja, mas é só pra compensar que eu não consegui ir à praia, nem entrar na piscina. Consegui no máximo tomar banho de lua, que também foi bastante interessante, com a visão infinita do mar e a lua cheia que brilhava e acompanhava meu canto de falsa baiana que foi o hit da viagem.

Durante o dia nada da calma baiana, a correria era paulistana, e só por isso o trabalho realizado para o Sinaenco foi um sucesso, como meu chefe diz, tivemos 200% da mídia baiana. Recebi um parabéns aqui, um muito bom ali, mas o divertido mesmo eram nossas noites.

Segunda-feira, por exemplo, reservou a melhor comida que já provei em toda a vida e no ambiente do Paraíso Tropical - isso não é um trocadilho - é com certeza o melhor restaurante de Salvador, quiçá do Brasil. Uma comida baiana leve que fazia cada detalhe do prato e da bebida, preciosa. Feito a caipirinha de tangerina e a fruta achachairu que abriu e fechou meu jantar. Sensacional. A sobremesa de lá é uma cesta de frutas de todas as cores, gostos e sabores. Frutas que aliás, o chef Beto Pimentel, dono do Paraíso Tropical, planta no sitio ao lado do restaurante. (aqui tem uma matéria bacana da Erika Palomino falando de lá).

O Paraíso Tropical não me revelou apenas um novo paladar, mas também, novos personagens. A Bahia, ou Salvador, tem mais personagens do que em todos os outros lugares que eu já estive. Eu como bem me divirto com essas pessoas notáveis, não poderia deixar de citar Lianne, a personagem revelação dessa viagem, que apareceu no restaurante Paraíso Tropical, chegando com o corpo e alma baiana, arrancou risos e furor dos meus companheiros de trabalho. Além de chegar com alegria, Lianne jurando que eu fosse, de verdade, uma jornalista, me pediu a benção. E pra entrar na história e na brincadeira eu pegava a mão dela e dizia, “abençoada!”, no sotaque soteropolitano.

Ela tratou, Rodrigo, Cristina e eu como celebridades, e foi assim que nomeou nossas fotos em seu orkut. E Cristina, colega de trabalho, que também é pra mim um outro personagem, oposto a Lianne, com uma elegância e sagacidade particular, me arrancou risos e conquistou a simpatia. Além de Lianne, Cris e Rodrigo, tiveram outros, mas as histórias são muitas, os detalhes são precisos e levaria pelo menos um post por dia, durante uma semana pra contar tudo.

Mas o que não pode faltar é que experimentei o apimentado acarajé e nas minhas ultimas horas em Salvador fui ao Pelourinho, requebrei, mexi e remexi as cadeiras ao batuque do Olodum e cantei “Salve a Bahia senhor(...) eu sou filha de São Salvador”. No fim terminei num barzinho com a visão da praia. E como João Gilberto já cantou, “eu vim da Bahia, mas eu volto pra lá”, eu recanto e digo o mesmo: volto pra pegar o sol, a praia e a piscina da terra natal de minha alma.


Elevador Lacerda




Os personagens, começando na direita com Jorge, Lianne, Cris, Rodrigo e eu



Olodum


Acarajé da Cira



Mmm, dá até água na boca


O chef Beto Pimentel

26 de maio de 2008

Um minuto e nada mais

Com muito sono, ressaca e dor no corpo eu passo pra falar que a viagem do feriadão foi boa. Campos, tremembé e taubaté, até rima se eu quiser.

Em breve eu pretendo voltar com tempo, como naqueles tempos em que as crônicas diárias eram presentes. Eu estou pendente e ausente, culpa do dia-dia da gente.

Avê nossa! Correria sô.

23 de maio de 2008

Depois de Lurdinha será Alícia ?

Concentrada no computador e com a tevê ligada, de repente escuto a chamada da próxima novela das oito – ou nove – apresentando a personagem da Thais Araújo, Alícia. Minha atenção não teria sido presa se não fossem as características da personagem, que se revelaram moderadamente parecidas com a minha.

Ela tem tudo o que quer, é bonita e rica. Isso claro não combina comigo, muito menos com a minha realidade, mas continuemos...
Depois da breve apresentação da moça, chegou a parte que me prendeu e me revelou algo que eu nunca havia concluído antes.

A minha intenção, assim como a da personagem, é diversão ou quase isso. Pelas palavras de Alícia descobri que minha missão é fazer os homens amadurecerem pelo sofrimento, simples. Provavelmente eu não tenho a quantidade de homens ou pretendentes que ela vai ter na dramaturgia, mas trazendo pra realidade, conta um ou outro e já vale.
Ela, como eu, é apaixonada por um jornalista, drogaprontofalei! Ah, e mais uma vez personagens falando por mim.
Para entender melhor vê o vídeo aí, e para relembrar os tempos de Lurdinha clica aqui





PS: a postagem da viagem de Salvador já vem, é só um tantim de preguiça que está atrapalhando. Mas daqui à pouco está aqui escrito e revelado o que a Bahia tem.

22 de maio de 2008

Voltei, só não sei se pra ficar

Parti e não deixei nenhum recado. A culpa não foi minha, foi da São Paulo terra de todos, que faz o minuto correr mais rápido e só me deixa tempo para as poucas horas de sono.
No último domingo fui para a terra de Caymmi a trabalho. Trabalhei e muito, mas também me diverti. A crônica e detalhes da viagem vem na próxima postagem, agora eu passo só pra dar um alô e dizer que o D'propósito não foi abandonado e que as notícias vem a seguir, antes da próxima viagem.


Sorrisos largos cheios de axé.

16 de maio de 2008

Trilha sonora

Não precisa ter o drama das novelas, as cenas de cinema ou a comédia dos seriados para viver dependente de trilha sonora. Como os personagens das telas, todo ser, ou a maioria deles, ou então só eu – se for o caso - é levado por hits que conduzem uma história.
Pode ser música brega, um clássico ou uma clássica – se o amor for erudito -, o rock dos anos 80, o samba do morro ou o pagode das vilas; aquela música doce, apaixonante e também as que mais tocam nas rádios.

Indiferente ao gosto e a preferência dos números que dividem uma estação da outra, cada novo caso ou momento é trilhado e representado pela música que diz tudo ou quase tudo, que consegui viver ou que não consegui dizer.

Quem das gerações anteriores a minha, por exemplo, não vai lembrar dos Detalhes tão pequenos de Roberto Carlos, do Leãozinho de Caetano ou do Amor I love you de Marisa Monte, minuciosamente proferidas por Arnaldo Antunes.

Nessa coisa da vida que é viver, tem espaço para todos os tons e ritmos. O que é fato que nenhuma história fica sem acompanhamento, sem ter alguma rima, alguma melodia, alguma letra. Isso já está comprovado, mas o que ainda estudo e revelo, é que nossos contos, casos e acasos duram conforme a existência e a resistência da música no mercado fonográfico e nas próprias histórias.

Comigo acontece assim, por coincidência ou não, quando vivo algo novo, ou revivo fatos marcantes, as rádios quase que como sentindo de mãe soltam pela suas ondas a sonoridade que diz tudo ou rediz aquilo que vivo de novo e de novo e de novo. Você já deve ter reparado que quando termina um relacionamento todas as músicas parecem de adeus. Aí, quando começa outro vem todos os hits fofos, alegres e empolgantes.

De acordo com o meu estudo, conforme o sucesso da música que a trilha do seu roteiro faz, maior a durabilidade da história. Isso se ela não for renovada - trocada -, pois há casos que além da renovação, vivem dos acervos feitos dos LP's, como os que ainda tocam na minha vitrola.

Há composições que são feitas para serem verdadeiros hits, outras viram por acaso, e outras não fazem o sucesso esperado, isso para o mercado e grande público. Porque além de sermos conduzidos por essas músicas de êxito ou não, a questão é que os fatos, histórias e casos não são eternos, ela (música) sim. O som que conduz quando gravada, fica pra sempre, parou de tocar, fica na história. Como as vividas e deixadas na memória com as intermináveis trilhas sonoras.

14 de maio de 2008

Amor barata.

É barata mesmo, não é barato não. Descobri dias atrás com esses meus parceiros sobre o amor que você pisa, pisa, pisa tanto, que sai meleca.
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Eca.


Ps: passando bem rapidinho só pra não deixar o D'propósito sozinho ;)

13 de maio de 2008

12 de maio de 2008

Relação

- Detesto quando você me deixa esperando.
- Eu odeio quando você não espera no lugar que eu falo.
- Não gosto de flor amarela.
- Não posso te dar chocolate, me assusta a idéia de espinhas.
- Se vejo Bob esponja, vomito.
- Tenho vontade de quebrar o rádio mal sintonizado da sua estação. Fico fora de mim.
- Quando faz graça no volante parece um idiota.
- Escolhe sempre o mesmo suco, nunca inova. Chatíssimo isso.
- Me irrita quando pega o meu pão de queijo.
- Quando canta na hora do meu jogo, aborrece.
- Quando não toca violão e não me toca, também.
- Não gosto quando não está de vestido.
- Não gosto quando está com a barba feita, não tem graça.
- Gosto de você.
- Te adoro.


Papo e diálogo nosso. Ispirado em “O beijo não vem da boca”, Ignácio de Loyola Brandão.

8 de maio de 2008

Rosa e eu




*Rosa: uma virginiana de 48 anos, perfeccionista, mandona, carente, mãe e cabeleireira da Camila quando não briga com a filha.

*Eu: libriana de 19 anos, indecisa, preguisoça, desobediente, filha de Rosa e Calvin nas horas vagas.
;)

7 de maio de 2008

Avê Maria!


A cada mordida, um pai nosso.

Ponto de vista

Pela vida imprevisível que eu sou capaz de ter e viver, ontem às 20h eu já estava livre das aulas de rádio e tevê. Depois disso, encontrei com o moço de Tremembé e conheci um mineiro - de uma cidade muito pequena, da qual eu não lembro o nome, mas recordo que é próximo a Montes Claros. Esgotada de faculdade e depois de um segunda feira atípica com a direito a boas companhias, cerveja, chocolate e Tim Maia racional, eu devia ir para casa. Pois bem, devia foi o verbo que não conjuguei ontem.

Influenciada por mais chocolate e as risadas trocadas com os garotos, fui à aula de direito com eles. Nunca tinha reparado muito nos estudantes de Direito, sempre ouvi comentários - nem tão positivos da ala dos advogados. Porém, no papel de jornalista (ou quase) fui experimentar e viver as leis regradas no 3º andar.
A coisa lá é muito mais interessante do que nas minhas aulas de legislação. Fato. Mas, além das aulas, ali habitam pessoas que eu JAMAIS vi em comunicação. Já aviso que não é preconceito nem predileção ao meu curso, é percepção.

Todas as meninas tinham os cabelos devidamente lisos, escovados, alisados. Até aí nada muito incomum, afinal, eu sou uma pessoa naturalmente escovada, porém, ontem e essa semana estou desfilando com as madeixas naturais, por ironia ou não do destino.
Seguindo a percepção, todos os alunos são alinhados, meninas e meninos. As moças maquiadas, nas alturas com seus saltos e posicionadas como mocinhas. Os garotos todos direitos – sem fazer trocadilho – eretos nas cadeiras formando devidamente um ângulo de 90°.
Eu provavelmente já devo ter causado um estranhamento quando entrei simples, sem maquiagem, de tênis, bolsa de retalhos e um estilo, digamos, a lá comunicação. Mas ninguém me tratou mal por isso, já ganharam ponto.

Além da aparência, muito ouvi falar dos egos dos advogados - e dos jornalistas, claro. Eu sou a prova viva que jornalista é chato, pelo menos os estudantes do noturno são - existe uma briga de egos que se você não se abaixa te acertam. E o mesmo sempre ouvi da turma de direito, o que não notei nem um minuto das horas que fiquei naquela sala. O dito de que “advogado pensa que é Deus, jornalista tem certeza” vai ser revista por mim; teoria a ser melhor avaliada.

E notando tão de perto as pessoas, cheguei no final da aula e disse para o Mineiro vizinho de Montes Claros.

- Ei, você tem cara de cantor sertanejo!

Sorridente, surpreso e me abraçando ele respondeu:

- Nossa! Ahá, uau. Muito obrigada. Essa menina é muito legal! Você entende tudo..

Claro, que o moço de Tremembé, vulgo meu primo Rodolfo cortou o calor do Mineiro e Sertanejo.

O rapaz partiu feliz. Embora tivesse cara de cantor sertanejo, ele não se vestia a caráter. Eu não fiz meu comentário a ele para ser um elogio, tampouco uma crítica. Mas ontem saí daquele andar e daquela aula notando que não precisa estar à vista nem ser visto, a questão, é que tudo sempre parte de um ponto...
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de vista.

5 de maio de 2008

Bem-vindo-de-novo

Aqui já se fez samba, jazz, bolero e baião, tocou rock, pagode e embolada, resgatou jongo e chorinho, dançou a ciranda e não perdeu a essência da bossa; que é nossa e sempre se faz nova no D'propósito.
O blog não é musical, mas ele se inventa em ritmo, prosa e poesia de vida, com as crônicas de todos os dias. Ele surgiu sem pretensão, como a garota de Ipanema desfilando no calçadão. E no seu ritmo todo carioca, misturado com a alma baiana da pequena Sá e sua cabeça e agitação paulistana, se renovou e não esperou data comemorativa ou dia festivo para reformar a casa das crônicas, que está de pintura, quadros e móveis novos.

Camila não contratou profissionais para a reforma, chamou o Julio de todas as horas, que deu seu pitaco e colocou a mão na obra junto com ela. Mas a garota já avisa de antemão, a reforma e a mudança não acabou, isso porque ela é mutável e só pára quando alcança a perfeição. Como este requinte nunca está em mãos, só na cabeça que planeja, sonha e observa, a pequena Sá não pára de mudar e pedir opinião. Ela só tem certeza das roupas que usa, de resto tudo é dúvida. Porque dúvida é evolução, como sua mutação diária que acontece aqui, acolá e em todos os calçadões que caminha.

Ela não é a garota de Ipanema, é a moça do D'proposito que fez a reforma e se renova. O desejo é que os d'propositados tenham gostado e para os que ainda não se acostumaram, a solução, a esperança e o princípio de tudo é que, a aparência é outra, mas a essência é a mesma. O ritmo que bole os quadris, remexe as cadeiras, canta, ecoa e batem os dedos imprecisos da pequena no teclado, dá a boa vinda para os que chegam agora. Para os que já são de casa, bem-vindos de novo. E para todos: entrem, sambem, comam, leiam, devorem, d'propositem, fiquem à vontade. A casa e os propósitos são todos nossos.

4 de maio de 2008

Fim de feriado

Eu tinha tudo para estar com muita raiva e brava. Recebi dois convites para sair hoje e não fui pra nenhum. Briguei com minha mãe, perdi o ânimo da saída noturna, estou com uma afta do mal no céu da boca e comendo sopa há três dias por causa dessa pequena ulceração das mucosas, como explica o próprio pai dos burros.

E não é só isso, tinha feito uma programação mega legal para esse feriado prolongado, que eu não trabalhei um dia se quer. Mas na quarta à noite o meu corpo já demonstrava sinal de fraqueza. Batata! Fiquei dois dias de cama e hoje que a chuva parou e o sol saiu brilhando, acordei cantarolando e levei um susto depois que vi no espelho um terceiro olho saindo do meu nariz. Era uma espinha, que os meus olhos míopes conseguem enxergar sem a ajuda de qualquer objeto que faça reflexo. Mas ainda assim continuei cantando e no mesmo ritmo permaneço até agora.

Para aproveitar a noite de casa vazia - sem mãe e irmão, só cachorro - comi um ovo de páscoa Diamante Negro inteirinho e uma pizza de frango com catupiry. Tudo sozinha, sem dividir nada com ninguéम. Ele diz que uma pessoa do meu tamanho comer três pedaços de pizza já não é normal - imagina se soubesse disso.
Todos os meus planos para o feriado deram errados, não sei por que, mas estou feliz com o resultado de tudo. Uma espinha, uma afta, uma gripe, uma dor de garganta, uma saudade e uma vontade enorme de tomar o seu (opa, aqui não vai link, segredo!) suco de laranja. É isso, a minha alegria vem da lembrança de um domingo pouco distante e de sol, como será o de amanhã, me fazendo bem, maior e melhor.

1 de maio de 2008

Reminiscência


"Ninguém ensina a gente na escola a ser deixado. Mas se a gente deixar, o mundo até gosta que a gente se reinvente."