D'propósito

21 de julho de 2008

Meu primeiro pocket-show

Havia um público, uma banda e gente me esperando, como sempre, eu estava atrasada e mal tinha aquecido a voz. Mas o repertório me dava segurança, porque um dia alguém me disse que, mais do que voz era preciso ter dramaticidade, sentir e viver a música. A voz vinha com o resto. Assim eu entrei naquele palco apertado, sorridente e nervosa, abrindo com a música “A vizinha do lado” de Caymmi. Eu senti que comecei dura, com a aparência de quem é mesmo novata no espaço, mas antes do meio da música eu já estava entregue a letra, a melodia e ao palco. Eu via pelos os olhos de quem me ouvia e assistia que a levada estava boa, e não deu outra, palmas e bis no final foram os presentes que a pequena platéia me deu.

Bem, talvez não seja bem assim que tenha acontecido, mas é assim que eu gosto de lembrar. Na verdade, a alusão acima é só resultado de um fato melhor temperado por mim. Sem banda e com um público que não me esperava, só me assistia, eu cantei no karaokê que encontrei perto de casa. Achei que estava na hora de matar a vergonha de cantar em público e colocar em prática toda as aulas de canto, por isso, decidi levar meu canto para outros cantos, além de banheiro, quarto, sala e cozinha da minha casa.

Comecei mesmo com “A vizinha do lado” de Caymmi, que pra minha surpresa, a música e a minha voz foram bem aceitas, as pessoas que estavam ali me aplaudiram. Agradecida dei um sorriso e fui saindo do pequeno palco, mas aquelas pessoas que nunca havia visto na vida me pediram pra voltar e cantar outra, (sim, eles pediram bis, dá pra acreditar?). Eu aceitei e nessa seqüência de pedidos cantei umas dez músicas.

Achei isso inusitado demais para um karaokê, mas eu aproveitei a voz colocada e recebi aquilo como meu primeiro pocket-show. Mesmo sem banda e sem um público meu, mas sim, com um público e música de karaokê. No final, quando fui acertar todas as músicas cantadas, a dona do bar me disse:

- Não precisa não, além de bom gosto, você tem a voz bonita. Volte amanhã!

Saí de lá sem gastar um pequeno tostão, e no dia seguinte eu voltei e voltei e voltei e vou voltar. Agora, está virando vício, todos os dias depois do trabalho eu passo no Karaokê, canto algumas músicas e vou feliz para casa.

Caetano Veloso já eternizou na sua música “Desde que o samba é samba”, o verso e a verdade dizendo que, “cantando eu mando a tristeza embora” e mais do que isso, cantar me faz um bem, por isso, vou fazendo diariamente do canto o meu verso, minha poesia, minha melodia, minha harmonia.

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