Nos últimos tempos a temática gordos e gordinhos tem sido freqüente na vida dessa que vos fala. Não que ela esteja acima do peso, isso não. Aliás, é invejada pelo tamanho do prato e pelo pouco peso que carrega. Para alguns gordinhos, isso soa como provocação. Mas rebato e falo que é da natureza. Assim como alguns nascem para serem gordinhos. Fato.
Foi mais ou menos assim que expliquei para uma roda de amigos (homens) que não são gordinhos, ao que argumentaram que os gordinhos são os gordos baixinhos. Errado. A política de bar e minha experiência na observação humana me fazem quase uma especialista em gordinhos. Então, retruco e vou contra a teoria básica dos baixinhos que estão acima do peso. Claro, existem esses: baixos + gordos = gordinhos. Mas não é a única matemática e a única espécie de gordinhos. E já digo logo: esse é um trabalho baseado somente nos corpos masculinos. Afinal, para tratar do corpo feminino apenas uma teoria não basta, o que por sua vez, me levaria a atravessar a história, e nesse caso, vou apenas tratar de uma história.
É muito fácil de identificar o gordo; é aquele que anda com a sua dificuldade - correr nem pensar - e sua barriga já não aponta para o horizonte, direciona-se para o chão. Falo desses que estão no topo da categoria gordo, sem adjetivos ou carinhos próximos como gordinho. Um querido professor, que agora vive em terras londrinas, já disse uma vez que o politicamente correto no caso dessa categoria é nomeá-la de obesos. Agora, pense em você gordo sendo chamado de obeso: parece que tem o dobro do peso que o seu corpo pesado possui. Eu acharia uma ofensa, e nessa política, diga-se de passagem – mas de passagem mesmo - eu entendo.
Passados os gordos, chegamos à classe dos gordinhos. Além de uma maneira carinhosa de tratar essas espécies que, na maioria das vezes, tendem a ser carismáticas, os gordinhos chegam a ser os semi-gordos. Sim, aqueles que já saíram da casa dos esbeltos e mudaram-se para a casa dos que deixam escapar uma barriguinha aqui, uma gordura acolá. No começo eu contra-indicava essa idéia de semi-gordos, mas agora, sou adepta. Concordo com a teoria e com a prática. Não que tenha praticado, mas existem certas teorias que dizem tudo, sem nem mesmo cogitar a praticidade delas. Por exemplo, entendi bem e virei quase doutora no assunto, depois do nosso amigo Nelsomotta - como diria o grande Tim Maia - escrever a biografia Vale Tudo do gordo mais querido do Brasil e do ídolo do soul-funk.
Tim Maia era o exemplo máster do que é ser gordo; com suas citações e teorias não poderia definir melhor essa categoria que a mídia não aceita e a sociedade a pré-conceitua. Entre as palavras do ídolo carioca e a prosa de Nelson Mota, compreendi a prática quando o velho Maia disse: “Gordo, se trepa não beija, se beija não trepa”. Isso é tudo. “Como tudo é tudo e nada é nada”, compreendem?Explico. Na primeira citação, Tim define a dificuldade do sexo para o gordo, e, é exatamente aí que consegui esclarecer a grande diferença entre o gordo e o gordinho – ou semi-gordo.
O gordinho trepa e beija, sua barriga ainda não atrapalha em quase nada. O gordo não, ou só trepa ou só beija. Agora, quanto à qualidade, medida e largura do membro e sexo dos gordos e gordinhos, isso já é um estudo que vai além e eu não posso comprovar.
Lembrando bem, que todas as conclusões foram tiradas segundo os estudos Maias, pois sou apenas uma discípula da música do Sebastião Rodrigues Maia e das narrativas de Nelson Motta.