D'propósito

24 de agosto de 2007

Prosa e prazer

Alguns encontros são engraçados, principalmente os de esbarrões que me param a uma conversa cheia de prazeres durante horas, ainda que as horas sejam só curtos minutos na pressa do dia. E por serem assim, encontros surpresos, acaso ou de repente destino, é o que me deixa mais leve e pronta para duas reuniões em duas revistas de dois segmentos diferentes.

Como toda conversa, antes dela começar sempre vem o abraço, aquele que só é dado quando se há afeto, porque beijo no rosto é pouco para mostrar dois corpos dispostos a se atrair para uma bela prosa, não a mais bela, porque a cada nova há sempre uma surpresa que faz da prosa antiga boa e incomparável a do momento.
E hoje foi assim, o encontro com um homem que vinha comendo churros e no ato da nossa colisão abre um sorriso e claro, o espaço para o abraço. Trazia ainda três CD’s do Chico Buarque e isso foi o suficiente para ele com o churros ao desfrute da boca e para mim com o clássico Chico ao gozar dos ouvidos, das mãos, do pensamento e um pouco de tudo o que somos nós nas palavras, da música que alimenta junto ao doce que satisfaz.

O açúcar da canela e o recheio do doce de leite, foram à entrada pra discursar sobre o doce que conservo no meu jeito de menina, (não sou eu quem diz isso, é ele.) e pra ele, eu sempre terei quinze anos. Acha isso, e afirma convictamente que todos os anos eu sempre vou fazer quinze ininterruptamente e, que talvez, um dia ele me veja com vinte e nove anos. Não pela pele e o corpo amadurecidos que já é possível notar, dos quinze anos já passados aos meus quase dezenove já chegando, mas sim por guardar no olhar e no corpo o doce sonho de menina que soa como música de ninar acompanhado do balanço que a vida dá.

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