D'propósito

22 de fevereiro de 2008

O carinha faz anos, a sorte é só dele

Ele tem um sorriso largo e inocente. Olhos pequenos, cansados e cheios de amores, que nem sempre são flores. Já regou rosas e feriu-se com o espinho, não o da Rosa, mas de quem não tem a genética da flor e plantou no seu jardim do mesmo jeito. Do tipo bom moço, todo mundo gosta e se diverte com ele. O cara é assim, quisto. Muito bem quisto por onde passa.Quem o ama até hoje não sabe porquê o ama. Se são pelas falhas, travessuras ou palhaçadas. Não fez escola de circo, mas tem talento pro picadeiro.
Na sua gargalhada eu descobri por que o amo. Porque foi ele quem me ensinou a sorrir, a ler o jornal, a andar de bicicleta, a nadar, a gostar de samba e Tim Maia. Tem alma de sábio, apaziguador. Gosta do trabalho e da boêmia – quase uma contradição. Não é poeta, mas já romantizou algumas cartas de amor e colocou as cadeiras de várias pessoas para mexer. O moço que sempre faz graça e é uma graça, já dominou as pistas dos bailes do seu tempo. Era DJ, tinha fama de galinha, do tipo sedutor, animava as festas e brigava com as rosas - sim, aquelas que falam e se opõem às rosas de Cartola.Com amores e desamores, o paulistano da gema, nasceu, cresceu e viveu no bairro do Rio Pequeno. E é pequeno, ele, não o bairro. Do tipo baixinho de barriga empinada e que ao final das refeições, sempre faz a mesma cara, apertando os olhinhos e dando aquela piscadinha diz, “acho que comi demais”.
Come. E gasta também. Um consumidor nato, compra sem freios. E sempre quer me pôr freios, tem medo da minha velocidade e me pede pra parar, dar um beijo e um abraço. Com ele eu brigo, brinco, faço manha e chamo por minha mãe. Conservo as suas palavras e afeto na influência que ele é pra mim. Desde comer muito, comprar muito, ser boêmia, apaixonada por música, sambar no salão, comprar LP's e CD's, gostar de carros, vídeo-games, de arte e principalmente, acima de tudo sorrir. Sempre. O bom humor é algo que está estampado no seu corpo e alma de aprendiz, como deve ser. Erra todo dia, às vezes persiste no erro, mas aprende e me ensina que amor está além das palavras.
Tudo que em minha vida é presente, tem a sua presença, mesmo que não seja física. Porque temos a química. Uma química que está além da relação pai e filha. E as palavras não são um presente, é uma lembrança da história do homem que completou quarenta e seis anos e chamo com orgulho de Carinha e PAI. E, se bem pensado, a sorte também é minha.

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