D'propósito

28 de fevereiro de 2008

Prosa

-Eulírico, preciso te contar uma coisa.
-O quê?
-Você já se apaixonou?
-Você disse que ia me contar uma coisa, não me fazer uma pergunta?
-É, mas uma coisa depende da outra.
-A paixão e a pergunta?
-Sim, porque a paixão sempre causa dúvida, não?
-Em você parece que sim.
-Em você não?
-Às vezes...
-Você pode ser mais objetivo?
-Só em poesia concreta. Nessas coisas de amor sirvo só pra objeto.
-E isso é bom?
-Às vezes...
-Por quê?
-Porque, lêem as cartas em sorriso e rasgam-nas em último soluço
-Hã? Ta falando do objeto?
-Não, da paixão.
-Mas e o objeto?
-Vem junto...
-Com a paixão?
-Não, comigo.

22 de julho de 2007

27 de fevereiro de 2008

Sinfonia do ÃO

E o negócio é assim:

O cabra faz provocação
não me dá pão
come todo bravão
e ainda fala palavrão

No papel de grosseirão
é mesmo um bundão
Porque depois do meu trovão
vem todo melosão e pede perdão

Mas eu não dou não
brigo alto e bato a mão
no seu corpo ancião
metido a garanhão

Onde já se viu?
Moço achar que é bonitão
Até tem corpão
Mas não confio não.

Pede minha canção
Diz que dá seu coração
Mas não dança o baião
Nem quando é São João

No batuque do violão
Só quer saber de dança de negão
Eu requebro no salão
Pra ele não sambar sozinho não

E no samba-canção
Falo pro bobão
Que dá pra sentir a explosão
Desse amor quase sem noção

Isso tudo só pra responder a provocação.

25 de fevereiro de 2008

Raiz da liberdade

Pela terceira vez - e provavelmente não a última - vi o literocanto dos Cantos Negreiros. A primeira vez em que vi, registrei aqui a emoção que era inédita. E na terceira, apesar de não ser inédito, se faz nova. Porque na minha pele amarela está o sangue da raiz da liberdade.

No pranto de quem já chorou de dor
Sai o canto, que ressoa com fervor
O calor, no abraço da libertação
No sorriso branco que traz inspiração

Branco é o sorriso largo, vasto
Que Xangô e Oxum ilumina
Iemanjá recebe e os santos dizem Oxalá
E a gente olha. Lá...

A cor, o sabor e o amor
que brilha na pele preta.
É preta. É negra não.

Negra(o) é coisa de branquelo
metido a besta.
Que não tem suingue e diz
“é aquela negrinha, aquele moreninho”

Não é negra e negro
É nêga e nêgo
que no chamado de amor vira
minha preta, pretinha

A originalidade é deles,
o gingado é só deles
que carregam no sangue escravo
o corpo forte e resistente
Na alma que liberta
No chêro que transforma
Na felicidade que ressoa
E no canto que ecoa

“Um sorriso negro, um abraço negro
Traz....felicidade
Negro sem emprego, fica sem sossego
Negro é a raiz da liberdade"



22 de fevereiro de 2008

O carinha faz anos, a sorte é só dele

Ele tem um sorriso largo e inocente. Olhos pequenos, cansados e cheios de amores, que nem sempre são flores. Já regou rosas e feriu-se com o espinho, não o da Rosa, mas de quem não tem a genética da flor e plantou no seu jardim do mesmo jeito. Do tipo bom moço, todo mundo gosta e se diverte com ele. O cara é assim, quisto. Muito bem quisto por onde passa.Quem o ama até hoje não sabe porquê o ama. Se são pelas falhas, travessuras ou palhaçadas. Não fez escola de circo, mas tem talento pro picadeiro.
Na sua gargalhada eu descobri por que o amo. Porque foi ele quem me ensinou a sorrir, a ler o jornal, a andar de bicicleta, a nadar, a gostar de samba e Tim Maia. Tem alma de sábio, apaziguador. Gosta do trabalho e da boêmia – quase uma contradição. Não é poeta, mas já romantizou algumas cartas de amor e colocou as cadeiras de várias pessoas para mexer. O moço que sempre faz graça e é uma graça, já dominou as pistas dos bailes do seu tempo. Era DJ, tinha fama de galinha, do tipo sedutor, animava as festas e brigava com as rosas - sim, aquelas que falam e se opõem às rosas de Cartola.Com amores e desamores, o paulistano da gema, nasceu, cresceu e viveu no bairro do Rio Pequeno. E é pequeno, ele, não o bairro. Do tipo baixinho de barriga empinada e que ao final das refeições, sempre faz a mesma cara, apertando os olhinhos e dando aquela piscadinha diz, “acho que comi demais”.
Come. E gasta também. Um consumidor nato, compra sem freios. E sempre quer me pôr freios, tem medo da minha velocidade e me pede pra parar, dar um beijo e um abraço. Com ele eu brigo, brinco, faço manha e chamo por minha mãe. Conservo as suas palavras e afeto na influência que ele é pra mim. Desde comer muito, comprar muito, ser boêmia, apaixonada por música, sambar no salão, comprar LP's e CD's, gostar de carros, vídeo-games, de arte e principalmente, acima de tudo sorrir. Sempre. O bom humor é algo que está estampado no seu corpo e alma de aprendiz, como deve ser. Erra todo dia, às vezes persiste no erro, mas aprende e me ensina que amor está além das palavras.
Tudo que em minha vida é presente, tem a sua presença, mesmo que não seja física. Porque temos a química. Uma química que está além da relação pai e filha. E as palavras não são um presente, é uma lembrança da história do homem que completou quarenta e seis anos e chamo com orgulho de Carinha e PAI. E, se bem pensado, a sorte também é minha.

20 de fevereiro de 2008

Opção

Entre um e outro, ficou sem nenhum.

Cafezinho

Tomando café diariamente e pelo menos três vezes ao dia, - com direito a um expresso grátis depois do almoço, descobri duas coisas:

primeiro: me dar dor de cabeça

segundo: me dá gases

Logo eu que gostava tanto daquela espuminha quase saindo da xícara, mmm...É o fim.

18 de fevereiro de 2008

Perdi minha amiga pra Deus

Cabra safado esse. Se faz de santo, veste o manto e, num encanto que eu não canto; o contrário desencanto-o, fica meu pranto, manso. De quem nada pode fazer, já tentei de tudo, mas o bicho até que tem poder. Usa do seu status para seduzir a garota. Diz que ama, promete casa, comida, emprego e o melhor lugar no céu. Eu pergunto: Pode isso é? Pode não! É enganação.

Eu não minto, confesso. Sou humilde, não posso dar casa, mas de vez em quando posso emprestar meu quarto.A comida quando tinha VR bom, eu até pagava. Agora, também só posso dividir, mas sempre tem banana lá em casa. E ela sempre gostou das bananas que minha mãe comprou.
Emprego está bom o que tem, ganha bem. Tem até férias e décimo terceiro, eu sou estagiária e nem sei o que é isso.

O que não posso e está longe do meu alcance, é dar o melhor lugar no céu. Mas posso conseguir lugares bons em alguns shows, aqueles convites grátis nas festas do Santa Izildinha - ah, ela sempre gostou das festas da escola – Além do que, pra quê o céu? Sempre achei o inferno bem mais divertido. Ora, vai me dizer que apertar a campainha e sair correndo não é divertido? Tudo bem, nem tanto agora. Mas um dia foi. E cantar durante a aula para provocar o professor, era um inferninho que provocava gargalhadas infindáveis. E apagar a colega na lousa e jogá-la no lixo. Isso não é divertido? Zoar os colegas, os amigos e os desconhecidos era tão legal. O Diabo gostava da gente. Deus tinha a sua contra-indicação, mas sempre acompanhava as maldades e aposto todo o centavo que tenho no bolso que ele ria tanto quanto nós.

Mas acho que zombei tanto do Homem, o tal senhor Deus, que ele está querendo zombar de mim. Primeiro disse que ia levar você para Maringá. No fundo sabia que não ia. Ele sempre faz isso pra assustar. Deus já até colocou na sua cabeça pra ir viver na Amazônia, e como se não bastasse está convencendo ele a ir viver com os Ticunas. Humft!

Esse tal de Deus gosta de me desafiar, briguei com ele e disse: "Daqui você não tira minha garota ogra e que um dia vai ser madrinha dos meus filhos". Rá. Bati o pé, falei mais alto, briguei com ele e de fato não tirou nem um fio dos seus cabelos crespos daqui de Sampa. Mas o danado tem espirito de justiceiro, do tipo que não deixa barato.

Só pra me provocar colocou um menino que é o seu reflexo para você se apaixonar. Percebi então como era narcísica. Se apaixonou por alguém igual a você. De cabelo ruim e nariz grande, só que com mais pelos e de pintinho. Como se não bastasse o cabra – seu amorzinho – é de uma seita que tudo é proibido. Ah, não. De ir a shows até fazer sexo antes do casamento - aham, essa eu quero ver.

Deus me desafia e compra briga. Quando você fazia coisa que pra ele é errado, e quando teve as maiores dúvidas da sua vida, ele crucificava você. Eu não. Dizia pra fazer tudo o que tivesse vontade e dava meu ombro e forças pra lutar junto. Isso porque você também é uma metade minha. E também porque você um dia jurou que nunca íamos nos separar. Não vai dizer que não lembra: foi no show do Teatro Mágico, quando você, em prantos, me abraçava e eu, - como sempre durona - segurei o choro e sorri.

Deus não deixa eu te ver e evita nossa união, acho que essa rixa tomou força no dia que proibi você de vê-lo. Tínhamos 13 ou 14 anos, era do rouba-bandeira e do pé-de-sarrafo. Liguei cerca de 15h para irmos brincar e você me respondeu. “Estou rezando o terço”.

O quê? Fiquei indignada! Desliguei o telefone e fui correndo até sua casa tirar você do quarto, não permiti que suas preces atrasassem nossa brincadeira. E como sempre, na minha insistência, consegui. E todo esse tempo, esquivei você desse Deus que me repele. Mas dessa vez ele parece que venceu.

Tirou você de mim. Lhe deu namorado, amigo novos e prometeu tudo o que eu só posso dar pela metade.Ainda que ele tire você de mim, não vou colocá-lo na cruz. Mas vou sempre lhe achar um cabra safado, porque pela palavra dos outros ele conseguiu ser mais convincente à você do que eu. Ficarei aqui, brava por um tempo e indignada. Mas no fundo agradecendo a Deus por tudo o que ele me deu.- mesmo que não seja mais meu.

Para reabrir o apetite das moças

Nada mais bonito do que uma mulher que come bem, com gosto, paladar nas alturas, lindamente derramada sobre um prato de comida, comida com sustança. Os olhinhos brilham, a prosa desliza entre a língua, os dentes, sonhos, o céu da boca. Ela toma uma caipirinha, a gente desce mais uma, sábado à tarde, nossa doce vida, nossos planos, mesmo na velha medida do possível.

Pior é que não é mais tão fácil assim encontrar esse tipo de criatura. Como ficou chato esse mundo em que a maioria das mulheres não come mais com gosto, talher firme entre os dedos finos, mãos feitas sob medida para um banquete nada platônico.Época chata essa. As mulheres não comem mais, ou, no mínimo, dão um trabalho desgraçado para engolir, na nossa companhia, alguma folhinha pálida de alface ou rúcula.

A gente não sabe mais o que vem a ser o prazer de observar a amada degustando, quase de forma desesperada, uma massa, um cuscuz marroquino/nordestino, um cabrito, um ossobuco, um barreado, um bife à milanesa, um chambaril, um torresmo decente, uma costela no bafo.
Foi embora aquela felicidade demonstrada por Clark Gable no filme ''Os Desajustados'', quando ele observa, morto de feliz, Marilyn Monroe devorando um prato. E elogia a atitude da moça, loa bem merecida, abafa o caso.

Toda preocupação feminina agora está voltada para a estatística das calorias, as quatro operações da magreza absoluta, ditadura da tabuada, lero lero, vida noves fora zero. É como se todas fossem posar para a ''The Face'' do dia para a noite, fazer bonito nos editoriais de moda, vôte! Mal sabem que isso não tem, para homem que é homem, quase nenhuma importância.
François Truffaut, o francês cineasta, padrinho sentimental deste cronista, já alertava, em depoimentos registrados em suas biografias, o valor insuperável das mulheres normais e o seu belo mundo de pequenas imperfeições. Tudo sob medida das nossas taras sem réguas, sem balanças, sem trenas.


Além do prazer de vê-las comendo, coisa mais linda, pesquisas recentes mostram que as mulheres com taxas baixíssimas de colesterol costumam ser mais nervosas, cricris, chatas, dão mais trabalho na rua, em casa, no bar, pense no barraco!
Nada mais oportuno para convencê-las a voltar a comer, reiniciá-las nesse crime perfeito.Às fogazzas, aos pastéis, aos cabritos, ao sanduíche de mortadela, ao lombo, de lamber os lábios, ao churrasco de domingo para orgulho do cunhado, que capricha na carne e incentiva os seus pecados todos. E aquela fava, meu Deus, com charque, enquanto derrete a manteiga de garrafa, último tango do agreste...
O importante é reabrir o apetite das moças, pois homem que é homem, como diz meu velhíssimo mantra, não sabe sequer _nem procura saber_ a diferença entre estria e celulite.

15 de fevereiro de 2008

Nunca é.


Quando o telefone toca eu torço para ser você. Mas eu só torço.


Mais um achado

Notícia

Um tempo atrás eu falei aqui que havia gravado uma rádio novela. E veja que legal, vai passar hoje de novo na Rádio Cultura AM - 1200, às 23h - com reapresentação no sábado, às 12h. A novelinha vem com nome de O Copo. Confesso que a história é meio tosca, mas dá pra se divertir. Eu não sei se vou conseguir gravar, mas se você que é meu amigo – pode não ser também - quiser gravar pra mim, agradeço. Depois eu coloco aqui para todos os D'propositados.

Além da novelinha que eu protagonizo hoje nas ondas do rádio, tem o espetáculo Cantos Negreiros,- já propositado aqui - na biblioteca Alceu Amoro Lima, ás 19h. Todas as outras informações você confere na coluna ao lado na categoria, Eu vou – Dica Cultural.

E não é só isso. Amanhã tem Robertinha Sá no seu canto buliçoso no Sesc Pompéia, às 21h com entrada R$28,00 a inteira e R$ 14,00 a meia.Então se plugue na rádio cultura -hoje ou amanhã - e não perca por nada o show e o espetáculo, são sensacionais.

Um sorriso largo, aqueleabraço e salve simpatia ;0)

14 de fevereiro de 2008

Valentine's day

Era uma vez uma boca...
que se apaixonou por uma orelha...
e assim nasceu o arrepio.

Tem coisas que ficam bem melhores juntas.


Propaganda da Closeup no msn, eu até a chamei pra ver. Bonitinho, não?

Coisa de estudante

Sala de aula, carteiras todas ocupadas, professor falando e um papo perdido no meio da classe.

- Fique feliz, se ficar comigo nunca vai ter um marido careca.
- Mas, eu tenho um amante careca (!) careca não, calvo.
- Quem é? Esse loiro do seu lado?
- É, rolou uma química entre nós.
- Pensei que não gostasse de química.
- Calma, você ainda chega nessa matéria, amorzinho.

E ele fica com a cara de Cú quando escuta essas coisas que só ela poderia dizer.

De Pessoa para a pessoa

Acho o livro um objeto bonito, seu cheiro quando velho, é mágico. Se recheado de anotações de outro leitor, ganha sabor. E toda vez que pego um livro, abro em qualquer página e leio um parágrafo, normalmente sou convencida a lê-lo na mesma hora, se me intriga, me questiona e me instiga as palavras doces e/ou amargas que podem oferecer. Ontem não foi diferente nos Poemas Escolhidos, e olha o que Fernando Pessoa me disse.

Nada me prende a nada
quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo
anseio com uma angústia de fome de carne
o que não sei que seja -definitivamente, pelo indefinido
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

A descrição perfeita e uma coincidência que deixa a dúvida. Coincidência?

12 de fevereiro de 2008

De volta à rotina



Acabou. Fim de férias. Terminou a mamata de trabalhar das 9h ás 18h e depois pegar um cinema e curtir o ambiente gostoso do Vanilla com garçons bonitos e simpáticos – rárá. Ontem experimentei uma rotina que não esperava, estudar a noite. Desde os 3 anos de idade eu estudei de manhã e sempre foi assim. Mas agora, de emprego novo e bacana, me sujeitei ao sacrifício do estudo noturno, o que me põe medo. Muito medo, não dos professores ou do cansaço. O cansaço pode ser um fator que me leve a faltar bastante, além das viagens a trabalho que em breve farei – uhul – mas fora isso e além disso, há os bares. Bar não, eu não resisto. De manhã eu nunca sofri com isso, a começar que o pessoal é todo certinho, pelo menos meu grupo era. Eles quase não bebiam, na verdade nunca bebiam. E depois ter que ir trabalhar bêbado não rolava, impossível.
Certo, fui pensando, 'eu não vou ser vagal, amo meu curso, sempre gostei de estudar, não vou me desviar'. A aula acabou depois de entregarmos uma redação, aquela coisa para o professor conhecer nosso texto e quase a personalidade. Depois de entregue estávamos liberados. Eu não conheço quase ninguém da noite. Mas em menos de cinco minutos – após ter entregue o texto - comecei a conversar com um grupo simpático que disse.

- Vamos para o bar com a gente.- Opa, claro.

A caminho do bar um anjo, uma voz do além jorrou sobre meu pensamento. 'Hey, Camila hoje é segunda, não renda-se tão fácil'. E claro que não atendi o pedido da voz. Mas comentei sobre o conselho do além com ele e com o resto do grupo; e ele que também foi para o bar, completou.

- Gente a Camila não pode fazer amigos. Ela não vai sair da vida boêmia.

Epa, não é assim. Sou jornalista porra. - ou quase isso. Já viu jornalista não ser boêmio? A coisa não rima, não orna. As melhores pautas saíram nas discussões na mesa do bar e no café.Eu como sou casada com o jornalismo e já está oficializado ética e moralmente, não vou ser má esposa. Comparecerei a todas as aulas e serei uma boa aluna -como foi até agora. Nunca vou para o bar. Nunca. E assim seja. Que minha mente não corresponda ao desejo do meu corpo e quase necessidade.

Ps.: Mas em todas as segundas e quartas vou chegar atrasada. Vou começar minha aula de canto – feliz, feliz! Lá lá lá.

11 de fevereiro de 2008

pensando bem

E se... Talvez... Mas... Por outro lado... Já era.

Acaso - parte IV


Pareciam um casal, estavam juntos, mas não eram um casal. Não como dois namorados ou apaixonados. A paixão vinha de alguma parte do corpo dela, e um interesse sem porquês da parte dele. O telefonema dele que provocou o encontro, foi a surpresa da noite que tinha outra promessa. Na pressa dos passos com a mistura do atraso e da curiosidade e vontade de vê-lo novamente, ela se ajeitava e caminhava a ele, que estava a beira da escada esperando-a com o sorriso singular e o abraço que deu o encontro.

Apesar de não serem um casal apaixonado, o programa era típico, o cinema. Como já havia acontecido – por acaso – na vez passada. Agora foi proposital. Se antes, ou no primeiro (re)encontro eles mal assistiram o filme, dessa vez foi diferente. Até os trailers viram. Eles se sentiam, e ela respirava o cheiro que não mudara desde a primeira vez que o conheceu. O longa-metragem era feito de silêncios longos, assim como a relação entre eles.

Apesar da atenção pelo filme; como é comum nos casais, eles também deram o tempo para as carícias. Com os rostos quase colados, os braços entre cruzados e a mão dela sobre a mão dele fazendo afagos, ele a observou. E reparou muito em suas mãos.Como quem continua atenta no filme, ela finge não ver. Mas ele persisti ao olhar e vê no seu dedo anelar adornado por um anel que mais parecia uma aliança de compromisso.

Depois de muito observar ele chega ao pé do ouvido dela, ela pressentia suas palavras já saindo da boca, mas ele desistiu. Não falou. Calou. E ali com a boca perto de seu ouvido, ele respirou e deu um beijo quente e indefinido. Ele queria dizer algo sobre relacionamento ou namoro, mas não disse. Faltou a coragem ou não era o momento. Ele provavelmente iria falar a respeito até o final da noite.

O filme terminou e os dois se olhavam, fixamente um ao sorriso do outro. E o mesmo silêncio que se deu ao filme eles terminaram aquela noite. Apenas com o ruído do último beijo e da sensação das palavras que ele iria dizer até o fim da noite e não disse. Não disse, porque foi embora atendendo um telefonema que por acaso ou não, prorrogou o caso que mais do que feito de desejos é também feito de silêncios.

9 de fevereiro de 2008

Aos D'propositados

O D'propósito está de cara nova e pela primeira vez um convidado riscará o chão desta peleja. O traço é bem acabado, feito com a dedicação de quem se esmera. Porém há de se convir que nem tudo são flores pois se Deus não é perfeito (afinal de contas, nunca está presente), não haveria de atingir a perfeição este blog, este mundo, este rabisco, nem este convidado.
Eu bem que estava mais que afim de azeitar a máquina D'proposital. A lisonja do convite já me fora feita algumas vezes, mas coragem havia me faltado nestas horas. Porque se não conhece, caro d'propositado, a verborragia de Dayan e a vontade que ela tem de sê-la, deveria ser apresentado a ela. Dayan soa sonoro quanto se encontra com D'propósito. E é no som que temos a noção. Dayan D'propósito. A sonoridade traduz.
E a cara nova do D'propósito é uma constatação. Porque estas letras nasceram e cresceram. E mudar se faz necessário por ser sinônimo de novidade. O leitor de cada dia cresce a cada dia, ao passo que Dayan se consolida e irradia. Ela é disforme e sem rosto. E assim sendo, sem rosto ela se metamorfoseia ambulantemente.
Nada explicativo, este texto permanece incógnita, assim como seu autor e sua mente. Seria tão óbvio que acabaria não sendo Dayan D'propósito.

8 de fevereiro de 2008

...


Pensar é algo que me custa força. E eu não falo de esforço físico ou energia.Falo do que é pensar em qualquer coisa que não seja em você.


palavras perdidas e encontradas no bloco de anotações.

Direito trabalhista.

Chefe é chefe, isso é fato. Respeito e limite quase em primeiro lugar; isso só muda de figura ou posição, depois de algumas cervejas no famoso e fundamental happy hour. Só assim consigo dizer certas verdades aos chefes – Sim, chefes. Por falta de um tenho três

- Mas fora o bar, no ambiente de trabalho me contenho, mesmo ela falando pra eu cobrar nosso salário porque sou mais cara de pau – absurdo.

E falando em salário, dinheiro e dificuldade financeira, meu chefe que tem deficiência auditiva e não perde uma piada. Lança num tom de comédia.

- Como é duro ser pobre, ou como é pobre ser duro. Não é mesmo, Camila?
- Tchu. Sou estágiaria!
- É mesmo. Isso é que nem café com leite.

Vocês conseguem observar isso? O que eu faço? Concordo, oras!

Desvendado.

Pronto. Depois de escutar o juri, juntar as pistas e unir os fatos, o anônimo foi pego. Eu disse pego. Porque ele não se entregou. A estratégia que usei, foi a mesma que nas quadras e no campo de futebol, “aperta que ele peida”.E foi assim, com a quase certeza e as provas em mãos, acusei o réu. Ele negou. Eu insisti. Negou de novo. Apertei, apertei até que ele não agüentou levar a mentira e acho que temeu a juíza – rárá – e confessou.

- É, eu sou o anônimo. Desculpa. Humpft!
- Ahá! Eu sabia. Sou muito esperta mesmo.
- E modesta também.

Acabou o sufoco, a curiosidade e caso encerrado. O anônimo pediu sigilo. Que não divulgasse a pequena, média e grande imprensa sua identidade. Atendi o pedido porque agora ele é réu confesso – Mmm isso me lembra Tim Maia.

Causa ganha!

esperando...

Eu odeio quando você diz que vai ligar e não liga.
Odeio.

7 de fevereiro de 2008

Balanço dos loucos


Num papo cabeça, do tipo reunião em família, o papai diz.


- Você precisa de terapia!A filha responde.


- uhul, legal. Sempre quis fazer terapia.


- Hã? Sempre quis?


- É, acho que vocês deviam fazer comigo.


Ela estampa o sorriso para a mãe e o pai que estampam a indignação e se espantam num cochicho mútuo.


- Ela assume a loucura, é grave.


Caxias, acham a louca. Ela não vive na loucura, apenas gosta da insanidade para viver livre, sem preceitos e conceitos feitosLouco é quem diz que não é feliz. Ela é feliz!

paisagem

Hoje no metrô encontrei um cara igualzinho ao Reynaldo Gianecchini. Juro. Parece mentira, mas no metrô você pode encontrar qualquer raridade. Fiquei olhando, olhando e pensei: e pode caber tanta beleza em um corpo só?
Feliz seja a noiva dele. Sim, ele era noivo. Homens desse tipo ou são gays ou já tem o território marcado. Fato

6 de fevereiro de 2008

Alalaô


Pela primeira vez em anos, a folia desse carnaval foi lá em casa. Como manda a regra da minha mãe e família, carnaval é a data que independente do clima, do ano astrológico, da política e das estradas, o feriado mais animado do ano é sinônimo de viagem e diversão. Bacana. Eu achava isso legal, mas – e sempre tem um mas – esse ano resolvi fugir da multidão, das rodovias, e das praias lotadas - e com pouco calor - A festa começou na sexta de madrugada com um apartamento todinho só para mim e para o Luck. Fiz o carnaval à moda paulistana. Freqüentei cinemas, cafés, e não deixei de ir ao Ó do borogodó. Além de tudo, tomei café da manhã na varanda que ele fez.

Além do carnaval atípico, experimentei a delícia de morar sozinha e, aprendi que vivendo apenas meu cachorro e eu, ele late menos e eu só me alimento de Macarrão – é a única coisa que sei fazer, além do arroz -. De sábado até terça-feira comi macarrão com molho e não enjoei. Limpei a casa animadíssima, ao som de Tim Maia, Rita Lee, Lulu Santos, Fabiana Cozza, Paulinho da Viola e claro, Roberta Sá.

Dancei na frente do espelho, cantei o mais forte e o mais alto que pude no banheiro pra fazer bastante eco e ter o retorno da voz – fundamental. Experimentei um monte de roupa e andei nua pela casa. - rárá, isso foi divertido.
E por fim coloquei o vestido novo e o sapato que sempre machuca e que dessa vez não machucou e fui para o samba. Acho que estava estilosa e bonita. Bom, pelo menos escutei elogios, não só masculinos, mas também femininos. Me senti quase a Roberta Sá e uma Falsa Baiana de Dorival Caymmi.

Queira ou não queira terminou o carnaval, mas não faz mal, não é o fim da batucada, porque eu continuo sambando e levando o ritmo buliçoso que fez meu carnaval balançar nas marchinhas e no bloco do eu sozinho.

Achcarigudum

esse é o nome do meu novo e primeiro bar. Agora, além de jornalista metida a artista, vou me meter no mundo dos business. rárá.

E achcarigudum pra vocês.