O tempo é uma coisa engraçada. Quando tinha 12 anos não via a hora de chegar aos 15. Queria conhecer essa fase que todos ilustram e poupam para a menina. Pareceu um século, mas cheguei aos 15, me arrependi do tremendo desejo. Achei chato aquela fase que para mim nada mudou. Não virei mocinha porque já era. Não fiquei mulher porque era uma criança perdida na idade da adolescência. Poucos meses com os 15 já não quis mais nada além dos 16, nem mais nem menos. Percebi alí, que querer ficar mais velho era um problema. A começar que virei doméstica da minha mãe e babá do meu cachorro – essa profissão me foi infeliz - realizei tão mal que minha genetriz me demitiu.
Nessa época enquanto todas as meninas falavam em paixões escolares, viviam amores platônicos ficavam com um, largavam outro, maquiavam-se e tinham unhas perfeitas; eu pensava em jogar bola, cabular as aulas de exatas, estudar jornalismo, fazer teatro e ter uma banda.Fiz teatro, tive uma banda – que nunca saiu do papel – e estudo jornalismo. Agora, não jogo bola, tenho amores platônicos, paixões bobas e casos difíceis. Me maqueio muito de vez enquanto e não uso esmaltes - tenho alergia a eles.
Aos 19 percebo que o tempo demora a chegar até mim, mas no fundo quero ser como ele – o tempo - passar e não envelhecer. Deparei-me com essa conclusão a poucos dias, quando no metrô uma menina de 12 anos promulgava para a mãe e a avó o desejo dos 15; num comportamento prematuro de 16, na aparente face infantil.Quero perpetuar tudo o que minha geração e a que vem logo atrás de mim, não conserva mais. A infância, ainda que no corpo calejado pelo tempo.
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