D'propósito

20 de janeiro de 2008

Voltei, agora pra ficar


Certo, eu ficaria fora do blog por um tempo. Mas não consegui. A começar por um comentário que recebi de um anônimo, isso me animou. E minutos depois eu vejo na coluna do querido Assis Ângelo que ele citou a estudante de jornalismo que vos fala e este modesto blog. Então tá certo, não vou parar. Se o ritmo diminuir a culpa é do trabalho, do cachorro, da mãe, do chocolate, do amor, de qualquer um. Mas enquanto houver restos de letras perdido no meu lado esquerdo do cérebro vou prosseguir.

E prosseguindo, numa reta que me põe longe da minha família orbital, caminhei e fui de encontro a eles e para eles, meus amigos. Há tempos não visitava minhas origens, meu canto, meu bairro, onde comecei a amadurecer, experimentar a vida e escolhi minha família. O recanto de lembranças doces de um passado pouco distante, chama-se São Mateus. Lá é o lugar que é mais frio do que todos os outros lugares de São Paulo. É o lugar que parece uma vila, uma cidade do interior. Todo mundo conhece todo mundo – ao menos de vista. É o lugar que é longe de tudo e têm tudo.

Quando dei a minha partida de S. Mateus, a cerca de um ano, fiquei feliz, mesmo com a nostalgia dos amigos que deixava. Minha vida de estudante, estagiária e butequeira facilitou depois da moradia ao lado do metrô. Mas num ato de coragem e debaixo de chuva, peguei o busão – como os paulistanos e os são-mateusenses dizem - e fui de encontro ao povo. A minha primeira parada e estada foi na casa da política e guerreira Marcelle. A garota que me mostrou o lado ético das coisas, e me ensinou a superar o egoísmo e a diferença de um cidadão do outro, revela-me a igualdade e liberdade que está composto no seu corpo e alma, carregado no pulso pela palavra Liberta. E livre como as Bernas podem ser e são – ou Bernadet's, essa era a nossa banda e o grupo que movia uma escola.

A cada nova história a Mar me surpreendia na sua coragem e garra, que faz pelo seu direito estudantil na Universidade Federal de São Paulo.Minha amiga estuda para ser filósofa, e xinga os jornalistas – que ironia – mas entre fatos, casos e os atos políticos, amo essa garota que nunca deixa de me surpreender. Sem parecer pretensiosa ou usar de pouca modéstia, a Mar sempre teve um gosto mais refinado para a música, assim como eu. Mas nesse fim de semana, vi no seu playlist, Exaltasamba. Epa! Peraê.

- Exaltasamba, Mar? O que aconteceu?

- Meu, é da hora! Eu fui no show deles. Imagina que ninguém se importa com nada, sem diferenças, umas gordonas dançando e arrebentando. Todo mundo na mesma sintonia, sem se preocupar, é mó firmeza.

Fiquei arrepiada ao vê-la dizendo essas palavras e cantando todas as letras. No fundo, também achei engraçado, e percebi que o pagode invade até os campus de filosofia. Achei que ficava só na São Judas. Mas o pior de tudo ou melhor, ou mais engraçado ainda, é que a música Livre pra voar, não sai da minha cabeça.

Estou com vergonha de dizer isso, mas fui até o youtube pra escutar o hit que pegou minha amiga que acredita no amor livre e que inevitavelmente chegou até mim
Fora o pagode que nos separa - ou separava -, percebo que mesmo longe, caminhamos juntas.

Agora escuta a música aí, e vê se ela não vai ficar na sua cabeça também.


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